segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Vertigem

A vida segue no inconsciente
Nos sonhos mais coloridos
E mais delineados que a chuva que aqui cai.
Fraqueza no corpo
Que adormece mesmo acordado
E tenta desmaio
Perdendo a visão.
Basta pouco para abandonar a realidade
E os jogos de final de semana para também esquecer
Suspiro
De sono
Ou falta de fôlego.

A doença retorna
E eu peço para que fique,
É uma companhia estável,  fiel.
Uma vez,  uma de minhas psicólogas
- não me recordo qual -
Disse que o meu quarto representa-me
E primeiro preciso arrumar o cômodo
Para me acomodar.
Hoje aqui não está bagunçado
Mas confuso
Do porquê cadernos velhos estão sobre a mesa,
Sapatos novos estão escondidos
E os cobertores na cama
Em pleno verão
- mesmo sabendo que só a assim durmo
Por todo o ano -.

Se fosse só açúcar que faltasse no sangue
O veneno bastaria.
Se fossem poucos os motivos de escrita,
O sono calaria os dedos
E a boca ja fechada,
Mesmo inquieta
Derramando pensamentos e dramas.
Os olhos caem aos poucos
Cansados
Porque sabem
Que ao adormecer
Podem fazer o que quiserem
Desde que o controle continue comigo.

Não há folhas escondidas debaixo da cama
Pois todos os papéis
que não escrevi à mão
( pra você )
devem ter derretido.

Está quente demais,
o verão corrói
e ainda assim
você que fumaça na sua boca
uma companhia na cama
e uma canção calorosa.
Enquanto isso
só peço que congele
meu coração
e as lágrimas vestidas de suor.


domingo, 29 de novembro de 2015

Mês de Novento

Um redemoinho se forma
e engole branco todo o ar uma vez respirado.
As aves trocam de voz
e o corpo transpira contorcido
duetos de luz e sombras
como tenores que suam frio.

Era uma vez
em um mês caótico
o clichê batido em corte,
sangrento e não comestível.

Dentre trinta dias e trinta noites
O tempo a ser escolhido
é uma visão,
sem dimensões.
Nem a vergonha, nem o comando;
Uma distância expelida entre o controle da mente.
Entre as duas mãos
o entendimento sucumbe a direita,
e a esquerda a apodrecer.

O corpo logo iria despertar
e a lucidez sonhada tornaria-se apenas rimas.
O olhar firmou em olhos postos
e os dedos laçaram fi(n)os o breu
como a cabeça ao fundo
da própria.

Sonhou que estava dirigindo
e apertava o volante para os lados,
o carro acompanhava
e a adrenalina sucumbia.
Pouco entendia das ruas
mas,
de alguma forma
sabia como eram.

Um morcego foi atingido por um raio da tempestade.

Soava como a chuva escorrendo entre as calhas,
água que mata a sede
ainda sendo floco de neve,
erupção no mar:
mais alcoólica do que desdenha
em curvas quentes da estrada
perdida.

Sentiu a vida perante a ilusão.
Tomou o poder em um só gole
antes do freio ser puxado
no refrão ofegante.

Seu nome é Morpheu,
bandido ladrão de faces
nas utopias cravadas
entre as pe(r)nas
do travesseiro.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Contornos

Vou procurando resposta
pra tudo
Em Drummond
e nas bebidas que não consigo abrir.

A poesia cita meu nome
o nome que ganhei em batismo
n'uma pia de igreja
que não ouso entrar.
Mas, meus outros nomes...
São tantos que nem lembro
como começaram,
eles fogem de mim
eles se escrevem
com o meu sangue
em outras peles.

Paira sobre a terra
Que descalça os pés.
Ilumina na grandiosidade da Luz
Rodopiando as crateras que sonhamos pisar.
Todas as noites sonha em nascer
Mas alterna o esplendor
Até ser suficiente na escuridão.

Tentei tanto escrever uma carta
Para a Lua
Para o que ela ilumina
Mas as palavras
Malditas
Não são visíveis durante a noite.

Queria que ela soubesse
Quão abençoada é
Por acender os fios escuros
De um foco
de indiretas
N'um leitor
Que muito lê
Mas pouco sabe
Daqui.
Seus cabelos respiravam o luar
Escuros 
como também os olhos nublados
de mistério.

Não é hora para despedidas
E sim de revelações.
Mas
quem disse que sigo o relógio?

Ah,
Qualquer semelhança com a realidade
é megera inspiração.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Elixir vasado

Ao lado do espelho
Tenho vários vidros.
Meu perfume preferido está acabando
E não tenho coragem de termina-lo.

Seu líquido roxo
Escorre pelo meu pescoço
Como palavras da boca seca.
Há anos o tenho
E ainda não sei o nome das flores
Ou do orgulho que o nomeia.

Quando a porta transpassa alguma luz
No final da tarde
Antes de sair
Espirro o frasco
E cada goticula de arco íris
É posta em meu corpo
do pulso
à nuca.

Se for necessário comprar outro igual,
Talvez eu nunca o abra.
Talvez a validade transpasse meus anos
E ainda assim
Ninguém sinta o frescor
d'Eli-xir.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Ante as estrelas do seu

Como a chuva pode entristecer
A flor que desabrocha?

Pessoas novas
E outras mais novas ainda.
Talento em vozes arrastadas com capa pelas escadas
Gravata em mãos
E chapéu em cumprimento.

Dos antigos apresentamos a outros mundos
Nas circunstâncias
Em que o fim parece enfim feliz
Mesmo com tanto errado.

Um menino vestido de homem
E um homem vestido de entidade.
Distintos
Como as listras
O Preto do Branco.

É engraçado
como a vida atende rápido 
o telefone.
No ouvido ouve-se 
um coro de vozes em sincronia
que viram os olhos
e a cabeça para trás.
É uma releitura
de vidas passadas
quando o caminho
já vinha a ser de terra
e empoeirado.

Um silêncio
pelas noites magníficas
que hão de continuar.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

A cova bordada de sons

Enrolou-se em terra vermelha
A fim de ser fumado
Posto entre os dedos como coxas
E queimado pelo Sol

Olhos ofuscados na escuridão
direcionados ao desconhecido.

Escreveu frases e frases
Apagou-as uma a uma
Pois de que adianta juntar palavras
Se assim separamo-nos?

Se a distância
Tal metafórica,  literal e amarga
Vinga
É porque está é a era. 

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O pesar

Regida a sinfonia
Destemido os pés,
Cântico aos dedos
De
Todos
Os tropeços.

Há tempos as letras temem vingança
De todo passado rabiscado
Em tinta azul
No pulso
Escorrido em braços
E tronco
Trincado feito árvore.

Todas as folhas são belas
Quando caem do fruto
E dançam no céu
O balé
Das quedas
Porque toda queda
É linda
Até chegar ao chão.

Umas semanas atrás
Ninguém acreditava em escolhas;
Hoje o destino
De inverno
Não finca faca por conversa alheia.
Uns meses atrás
O futuro parecia iminente
E libidinoso
Nas vias
Que crianças sonham.
Uns anos atrás
Psicólogo algum temeria
Palavra e meia
Dos ciganos guardados em embrulho de Natal.
Umas vidas atrás
Não era o sentimento que transbordava o peito
De vinil
Mas os olhos chorados
De tanto revirar.
Uns minutos atrás
Os poetas jogavam roleta russa
E matavam-se de dizeres
Uns
Maiores
Que
Os
Outros.
Outros,
Doença prescrita
Na bula do vidrinho
Perdido na bolsa azul.
ps:
As luzes que iluminam a praça
não são de ânimo permanente.
São uma dose
de efeito passageiro.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Impulso: em pulso

O pulo amortece o choque
que faz o cabelo voar solto
oscilando entre o chão, instantâneo, que faz voar
até o céu
denso e vistoso.

Quando se cai, sentado em sala cheia
em um cômodo
onde não se é incômodo.

Os dedos desenham a mandíbula, as maças do rosto e os fios brilhantes do cabelo
Os lábios que os dedos beijam
Ou os dedos beijam
( não importa 
desde que virem as páginas).

Ondas para quem está no ar
fios embaraçados.

O tremor que bebe pelas unhas que roem
Destoa a firmeza do traço que desenha
O fechar de vista
A branquidao da fala:
Silencioso êxtase.

São os dois que carregam a fumaça em fogo
e queimam o que resta de pulmão
pra quem já perdeu 
o fôlego.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Carta aberta de uma flor ao jardineiro

E então, prosa, por que brigamos? Por que começamos pelo meio e torna-mo-nos poemas? Eu repetia as mesmas perguntas de sempre no quente do verão sobre o gélido chão de piso. Tinha histórias a contar, vidas a narrar e, sim, dizeres a poetizar em rima. Mas, em tanto tempo de desolação o coração não saberia mais como lidar.
Os olhos me molham, devem crer que sou flor. Espero que não um girassol, mas uma flor azul, nem que seja flor de cemitério, mas azul como o céu que escurece junto comigo.
Eu não me reconheço em frente ao espelho. De todas as vezes que meus olhos me regam, minha pele, como terra, tem por amolecer meu peito. No fundo, sinto um forte tumor se alastrar, rápido como o vento e cálido como a neblina, fere meus dedos que não sabem mais quando parar de escrever.
E regem mil comparações com adjetivos, substantivos e pronomes em vão. Não há classe morfológica que descreva a dor que fecunda meu corpo, mas, por ruído e coerência, o filho que dou a luz é quem melhor pode dizer.
A expressão é bem válida, por uma força tão forte como a redundância: ’’ Parece que vou ter um filho agora’’. Ele nasce borrado no papel, não como carta suicida, uma vez dito, mas um verso sem música que percorre letras deveras conhecidas para sentimentos uma vez banidos.
De tanto gritar as vidas que nasciam continuamente, uma estaca é posta firme ao coração. O líquido verde escorre e aos poucos eu murcho, inclinada a apenas conseguir ver as unhas sujas de terra dos que tentaram socorrer-me. Acho que foi a prosa. A maldita acaricia as pétalas para tirá-las como criança: bem-me-quer, mal-me-quer...

Dizem que as plantas mais frágeis são as mais belas. No meu caso, eu caio junto às sementes antes de saber se primeiro veem a flor ou a cheiram, pois, o que às vezes não enxergamos do jardim é que, depois do cimento, há olhos que instigam ao longe o querer ser flor. Ou fogo.

Minimalista

O feriado acabou
.
.
.
comigo.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Arranhão

E iniciamos assim
Com conjunções sem nomeação
Assim como o recente fio que percorre o corpo
Tentando brilhar.

Um felino
Que não fica contente ao ver o dono com visitas
Que não fica contente com sua posição de condicional, compra.
E lentamente vai
Percorrendo os lençóis e almofadas
Para mais a frente cruzar uma pata frente a outra
Rente aos tecidos que roçam no pêlo,
Engatinha para os braços da morte
Acreditando ter mais vidas.

O peito estirado nesse chão de algodão e cetim
Com olhos amarelos que cerram seu destinatário
Sem pressa de ser carta lida.
Põe uma pata no peito e outra no ombro
Lambe a face
Pois não encontrou as mãos,
E acha possível dispensar o ronronar
Enquanto sabe a proeza dos dentes caninos.

Não tem fome de carne vermelha
Nem sangue animal,
Apenas a sede dada em boca pelo luar
Que em meia luz ilumina o recinto
Mascarando o tardar da noite
E o mistério que as cabeças queixam
Deitadas sob penas de gansos
Ou melodias antigas.
Todo salgar de lábios que produz palavras no lugar de atos
Torna-se secreto
E apenas visível para quem permite dormir em Espinhos de aço
Para sonhar em canteiros de seda.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

deserto

Suave moldamos nos dedos a espuma das noites
A virtude do sono do Sol
E as palavras que devem ser ditas.

Há muito que pode ser dito
Mas não tanto que deve.
O melhor de ir a algum lugar
É a ida em si
Para provar caramelizado nos dedos dados à boca
O doce e amorfo da distância
Se tornando corrente sanguínea
E dna;
porque
não existe coincidência
entre curvas de impressão digital
e
o não.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Trilha que tina a que tinha

Imóvel podia ver
Um corpo torcido dormindo à luz da Lua,
Cheia,  resplandecente entre a escuridão
E sua magnitude.

O que a Lua quer me dizer?
É fase de totalidade novamente
E a única promessa que neste instante é possível fazer
É
Que a água estará acima de mim
Para,  inundada
Eu me afogue nos conselhos do satélite
Que me d'escreve.

Esta tudo bem,  eu diria
Acabei o livro,  o livro dEla
Como deusa
Pois também os deuses riem dos mortais.

Não faremos oferendas
Preces.
Iremos assim,  com páginas na mão
Tear fogo contra a noite
E em incêndio
Tornar os sonhos possíveis de lembrança
Como tempos astrais.

Sem movê-las
Os novelos lançaram-nas
Atadas e atrasadas
Em relação ao tempo
De relógio
E de chuva.
...
Seus olhos de gato me cegam quando iluminados
Não posso mais saber qual direção tomar
A do filme
Do volante
Ou da taça que me aguarda.

Cada esquina de terra pede para ser escrita e solucionada
Em mistérios de histórias criminais,
Naquelas em que tocar o chão
Não é recomendável
Mas necessário para aqueles que almejam o céu
Seu.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Finda

Superlotação no quarto que já foi Branco, hoje transparente
Feito de vidro
E bolhas de sabão.
A grossura das lentes afirmam problemas oculares
Em não ver o que está no fundo da estrada
Ou no canto do cômodo.

Incomodo
Não vê as próprias pernas
E os braços puxam corpos desconhecidos
Como os que impede de andar.

É muita gente
Cada um representando um sentimento
Dentro do corpo,  quarto.
Você anda tentando organizar
Ou simplesmente saber o que acontece
Mas o masoquismo lhe derruba
E torna um pisoteio
Quase tiroteio
Sem ti,  roteiro.

Todos são expulsos.
E o que era confusão por muito
Agora é crise existencial em vazio.
Música alta e dizeres antigos.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Retrocessos

Gire o ponteiro
E voltemos no tempo,
Quando a vida começara a se tornar.
Movimentos circulares na Palma da mão
E voltamos a um começo de ano,
Mais de mil e trezentas noites atrás.

Dia.
Eu posso vê-lo,
Mas não sei se ao certo ouvi.

Na fenda que o tempo se esconde
As memórias permanecem firmes,
Assim como as questões antigas
Que ainda não foram respondidas.

Talvez fosse o timbre da voz que tenha engolido as palavras
E não permitido a digestão...
Não sei
E talvez nunca saiba.

Vamos falar de termos
E ternos.
Termos ternos,  engravatados.
Temos os termos tirados da traqueia à tragédia.

Aliteração.
Qual seria a diferença entre então
Entre paixão e amor?
Conhecemos primeiro Platão,  Que amaldiçoou sua paixão
E minha vida.
...
Até,  quem diria
Freud,  ante Nietzsche
Contornar as causas
E prever as consequências.

Falamos de passado
Com o impessoal
E atemporal nó borboleta:
Voava os olhos entre seus botões
Até acordar
De um pesadelo mais leve que a realidade.

Descrições brutas
Uh! Que vida cruel!
Tantas as vezes que a poesia se manifesta
Na necessidade
( pois é o que é )
Da sinceridade em linha torta
Que bêbada
Ri-má

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Difícil nomear

O som do francês em meus ouvidos
Rasgam minhas roupas
Até poder chamá-las de trapos.

Meu sapato de cristal é pontiagudo
E corta não só o pé como o resto de audição.

Então vamos decorar a tradução
Da música
E dos sinais confusos,
De um quase
Que possivelmente foi escrito em francês pois não é de tão fácil compreensão,  embora subentendido.

Eu sei dos anos que as vozes carregam pelos fones de ouvido
E não quero calar a minha,
Nem grita-la
Desafinada.

Serei ladra
Para cantar e dançar com os ciganos
As letras de poetas assumidos
E,  roubar da Catedral de notre Dame
Suas metáforas:
Torna-me-ei outro personagem
Fadada a viver com as flores que os homens trazem
Para conhecer meu jardim.

Vamos chorar.
O tormento dentro de mim,  As borboletas
Sempre foram morcegos mal-compreendidos
Como os estrangeiros em Paris
Fugitivos e leitores de mãos.
Chega!
Pois chego ao meu limite
Da semana
Do tato
E,  inevitavelmente, 
Da canção.

domingo, 18 de outubro de 2015

Verão: verbo e substantivo

Sou um artista de rua que sonha
sonhos dentro de sonhos
e acorda confuso, incrédulo.

Quão mais fundo plantamo-nos em sonhos,
pior será a colheita, mais induzida à terra.
Fim de ano e começo de estação:
Época de caos.

Os nomes que nos damos para fugir
nas músicas tocadas alto
de baixo.

Escorremos maquiagem e torcemos cabelo,
sentimos as mãos sem olhá-las
e saber da realidade, tudo sabem.

Um poema escrito na necessidade
no choro desesperado do passado com medo de futuro.

Parte um : passado.

Um ano atrás, os nomes dados e concebidos
são repensados em adoção ou aborto.
Um ano atrás, uma vida feliz
uma história de filme, feliz
e mentida
mudou, mudou tudo.

Parte dois: presente.

Inconsequente, atrasado, deserto e utilizado de muitas referências
Se explicar.
Pois não precisa, não quer.
Rima flores com dores
na suficiência da moeda decidir o

Parte três: futuro.
Não sei, nem amanhã
nem o final da semana.
Sabemos apenas que
nada irá mudar com todas as mudanças
e terei de fazer tudo que adiei,
como encontrar novos adjetivos em livros na cabeceira da cama;
torturar outras linhas
e até pintar as paredes do corpo
mas, oras
o que ainda não viram
nunca virá
verão.



quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Contorção

O conceito de certo e errado é destilado em doces
que não conheço o gosto, sabor
mas minha boca se enche d'água.

Vamos girar, como nas canções de roda
até o tempo parar, até o coelho branco virar pó
e todas as vidas se tornem uma só.
E eu fique atordoada
- não importa o que for necessário -
para enfim, desmaiar.

O sangue é doce no fim do mês,
e pode ser bebido em taças de vidro
desde que a seguramos da forma certa.
Alinhe a coluna e vista a máscara,
a capa
e a desordem.

O que será deste peito consumido por si próprio
quando tiver uma estaca cravada nele?
O estado laico irá chorar.

Um pensamento, pior arma
que insisto em apontar contra minha cabeça nas manhãs
e contra o coração nas  noites escuras.
Gire a roleta, a bala foi sortida
e abençoada por meus lábios.
Um dia tudo que hoje resta nas dúvidas há de ter sido respondido
quando o hoje se tornar passado distante, na estante.

Os lábios da língua de fogo agem em círculos
perfeitos
para se virar bailarina e rodopiar
sem derrubar a bebida de uma mão
nem o fecho da outra.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Desmascarando-se

Antes das pedras acentuarem suas cores,  um pedido foi atendido.
Não,  nada disso
Uma forma mais simples e discreta de como o destino age
Por palavras de outros escritos-pessoas
Que tudo vêm
E tudo sabem.

Nenhum rascunho caiu do céu com respostas,
Mas elas vieram
Como que por mágica
De olhos claros que agem em ambos lados.
Uma palavra  (já que não há outro termo que aqui caiba bem) amiga,
Consciente
De que não faz o que não deveria.
Bom,  pelo menos não nas horas erradas. /
Dizemos não ser crianças, mas conservamos essa alma
De ensino fundamental.
É uma era igual àquela,  porém
Mais acentuada
Confusa,  definitivamente,  E
Por anos Luz
Melhor.

Não gosto de falar na primeira pessoa
Porque agora a conheço leitores que decifram dizeres
E em vezes como agora
Ou qualquer outra,
Podem ler onde não há letras
Mesmo havendo.

O poema é meu, sou egoísta.
Falo com ele porque é assim.
Digo:
-Poema,  responda-me
E ele sofre calado.
Por quê?
Ha
E há
(Explicações)
....
Porque
Meu bem,  minhas linhas brancas,
Ele repete o que ja foi dito.
Desde o desdém detido em dedos
À advérbios,  adjuntos,  advérbios e admirações.

Poesia não é filho
Pois sai mas não vai embora,
É fragmento de alma.
Poesia não é escolha,  É necessidade.

E, no fim das estrofes
Esse poema não sabe sobre o que é ou fala
Apenas sabe
Apenas é.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Conflito de personalidades


Quantas vezes sucumbe a cobra
Na culpa da crase.
À lebre,  sinceras palavras de tentativa de consolo:
Corre,  meu bem,  Corre para longe.
Esquece dos teus saltos
E foge para lá das colinas,  para detrás do deserto.
Fique atenta
Pois ela lhe encontrará
E tudo que pode fazer é fugir.

Ela se disfarça de amigo,  de companhia ou duelo que pode ser vencido.
Não seja tola
Como dessas tantas vezes
Em crer nas palavras doutrinárias
E lambuzadas de Mel:
Não molhe seus lábios,
A fala é seu poder.

Chega no sono
E transforma-se em madrugada acesa
Que ascende à luz.
Toma os olhos como dois copos
Em um só gole
Para embriagar as visões de passado e futuro,
intermédio e angústia.

O pior não é como a cobra escreve ou descreve,
o pior é que ela é metáfora,
sim, ela é.
Mas não para alguém que possa atrapalhar, mas para uma lebre
que já foi predadora em vidas passadas.
Não há reflexo teu se não há espelho aqui.

domingo, 4 de outubro de 2015

ReVolta, de volta

Tinha um certo medo de voltar
- diria ' de voltar atrás' se não fosse horrorizada com pleonasmos -
assim como tinha medo de não saber começar a escrita,
então começou de ponta-cabeça
revirando o estômago.

Foram dois atos que teve
os que sempre teve certeza:
início e fim.
Não conhecia o meio
em que estava,
por mais de ser altamente amistoso.

Fez uma oração
e cumpriu a promessa um dia feita
de voltar,
mesmo sendo essa a questão que mais apavorasse.
o passado
e o terror do ser duplo:
Amar ser dois
e, esse amor,
atirar sempre contra um deles.

Antes de tudo, o falso choro se tornou real
e o vazio das poltronas não incomodou
porque viu mais um corpo ali
e este preencheu o vazio
da plateia
e de si.

Um fantasma, uma alucinação
ou o sonho que foi narrado.
Viu.
Elx viu
ela e ele eram um só novamente
e estavam surpresos do quão intenso foi o reencontro
ao verem-se em frente ao espelho
desde a montagem
à finalização.

No entanto
- e, sempre há uma conjunção adversativa -
seu fim foi dispensavel
como se não fosse morte
nem renascimento.

O corpo havia sumido
e junto com ele, o entusiasmo
e a certeza dos passos.
Ele - no masculino-
dá seus passos para frente com certeza
mas os volta
e vai
e volta
dançando na escada como se não pudesse se machucar,
como se sua linha fosse mutável
e digna de nós:
pronome pessoal e substantivo.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Esquecimento devora o passado

Alagamento e descrença em corridas e abraços,
diligências futuras e 
no que nos tornamos.

Primeira pessoa do plural:
Nós nos tornamos.
quando falo de mim comigo
em frente ao espelho,
mas sem chorar.

Um ao outro, revestidos por carne
e descobertos pela fumaça que começa a nos acabar
a unirmo-nos.
O eu passado
e o eu que me tornei
depois da ebulição.

Quantos dizeres serão necessários
para que lembremos quem somos
em galpões escuros e abandonados?
Cura na morte
de mesmo signo,
emerso nos dedos que rogam à boca
e esta ao céu.
Viram estrelas
e tremas - tirados do dicionários-
como tantas outras tramas.

Eu quero enrolar-me
e digerir-me
já que é tão importante assim.

É, pouco mais de um ano atrás
aqueles mesmos degraus
com os mesmos sapatos foram saltados,
dois a dois,
e, agora
quando são postos a frente
batendo continência
não reconhecem 
quem os pisou uma vez.


domingo, 27 de setembro de 2015

Ao se olhar para si-ma

Quando, nas despesas do tempo
paramos para pensar na distância
o que difere as chuvas e secas de locais,
termos e horários diferentes?
Aqui posso estar no pico da montanha
ou no fundo do posso.
Sim, posso, não poço.

A lua que sangra une todos a vê-la.
Queremos acreditar que seu eclipse irá nos afetar,
e talvez realmente aconteça
se realmente acreditarmos em magia
e poções servidas geladas.

Vire o copo
um, dois.
Perca a conta
Perca-se.

Se as luzes forem mais fortes que o que bebeu
tome cuidado
e duas pílulas
para não pegar o microfone
- que é uma arma -
e cantar
os contos que rascunha:
Se for colocá-lo na boca
certifique-se de acertar o tiro.



sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Gosto de gotas

Não lhe quero ver nu de provérbios.
Vista suas mentiras
E dê meu dinheiro.

Essa chuva torce meu cabelo descolorido
E borra minha maquiagem.
Não estou chorando
O céu é quem chora.

Desdobrei as notas que me deu
São todas cortadas e cheias de remendo
Como se a sua alma quisesse
Por meio do chão seco agora alagado
Dizer-me algo.
O que seria?

Vamos criar uma fábula
Uma estória
Faz-de-conta em que
Por algum motivo
Não usamos mesóclises,
Apenas olhos incapazes de compor chuviscos
Em noites de sol
idão.

As canções mínimas que apenas ecoam nos meus ouvidos
Gritam por expansão.
As memórias que insisto em recortar humilham o
Presente
Dado em caixa com cadeado
E sem chave
Só chuva.

A estrada fica escorregadia
Mas não é de se temer quando o líquido a toma,
O perigo são as chuvas coloridas
E saborosas
Que queimam minha garganta
E permitem minhas mãos falar
A outras
O que nem entendem.

O contraste de luz laranja fraca com as gotas no vidro do veículo é terno
Preto e engravatado.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Destreza: Par de ímpares

Ftp A maturidade que paira nos ombros
é irmã da leveza que açoita cuidadosa,
Sem mostrar o rosto ou voz.
Aos poucos tornarmo-nos mais fracos
E reféns de sentimentos e sentidos que uma vez escondemos
No fundo da gaveta e da garganta.

A diversão começa
Deixando a imaginação correr firme
Com os dois pés postos ao chão
Alinhados.

Quais seus arrependimentos?
E,  se não vamos a cometer homicídio
Quem dera suicídio
- pois romeu foi morto em batalha-
Qual será o crime?
Os advogados já estudam o caso
E estão dispostos a achar evidências
álibis
Para sermos livres,  se assim quisermos.

Quantos somos
Se não sei contar?
Contar números
Contar comigo
Contar segredos.

Os segundos que me tomam do fundo da garrafa
Engasgam
Pois a pureza prometida na propaganda
Não é nem plena nem veneno
É agridoce.
Somos dois olhos
E um par de pernas que corre
Sem saber de quê.

Há pouco que é preciso saber:
Uma lista de defeitos
Já que as qualidades são expostas
Diferente do locutor,
Que narra um partida
Que não é futebol nem despedida
É um verbo ritmado sem intenção,
É uma fala desenfreada que não sabe o que dizer
Apenas falhar.

Sobrevivemos a outro fim de mundo
que somos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Rituais e círculos perfeitos

Madrugada
Mas não a dos casais,
A do medo.

Uma mulher atravessa a casa
Com apenas a luz dos olhos
E a roupa de baixo
Com uma tesoura na mão.

Seus passos são silenciosos
Na ponta dos pés limpos
Com os braços aflitos abertos
Preparada para voar.

A maçaneta está a sua espera
Fria e rígida
De madeira ou cristal
À direita ou esquerda.
Morde a mão da moça
E assim seu fôlego e suspiros de dor
Acordam os ares que vinham atrás.

Na pressa,  o som é bem vindo
A porta é aberta
E ela a fecha
Se fecha
Flecha
Escorregando por dentro
Até cair no chão
Joelhos no alto
E mãos a segura-los.

Estava no banheiro cheio de névoa
Com algumas velas vermelhas queimadas e coladas no chão,
Inúmeros palitos de fósforo
E o espelho deitado.

Ousou ver o reflexo:
Agora cria em feitiçaria
Pois era uma bruxa
Que temia ser queimada ali
Pelos pagãos
Por si mesma
Ou por quem saísse do vidro
como evocação.

sábado, 19 de setembro de 2015

Estrelas que não brilham

A lua é minguante
Mas eu estou cheia
Cheia de mim.
Vendada como em truque de mágica
Ou tara de homens tons
- ora, bons -
Ressaltava os sons ao redor
Na redoma:
Toque involuntário da claquete que é  língua e boca
Findam-se ao aguar a garganta.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Canto

Quero não querer
Não quero querer
Querido, não quero
Que qualquer questão
Queime ou queixe
As quedas de quando
Quis querer.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Alternância de luz

Tudo parece uma sombra de oito faces
Músicas indefesas
Tocadas nos acordes de vossas gargantas.

A tempestade se fortalece
E te fortalece em raios.
És fagulha de trovão
Mesmo mudo,  relampeja.

O reflexo dos cristais não são vistos
Esta muito escuro aqui
E sabes disso.
É tudo uma grande piada
Desde que não descubra que a piada sou eu.

Maltrapilhos :
Óleo em calçada chovida
Todas as cores debaixo dos pés.

A boca cede
Tu,  sede.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Dosagem bem concentrada

Então é assim que vai ser
A gente combina de se encontrar na frente da igreja
As 9 da noite.
Eu digo que estarei de vermelho
E você diz que estará de azul
E penso como as cores combinam.

Você quer beber uma cerveja
E minha garganta ta ruim
Eu fico só na agua com um pouco de açúcar
Pra aliviar o stress;
Você abre o livro
E eu abro a boca
Eu falo
Falo
Falo
Falo
Falo
Falo
E você não quer escutar
Ninguém quer
Mas ainda assim estamos sentados nessa mesa
Estamos aqui.

E a música começa a tocar
Eu reclamo
Você também.
Ficamos bravos e rimos
"Vamos sair daqui"
Você diz,
Eu olho
E não sorrio
Apenas concordo
"Tudo bem,  vamos "

Você paga a conta
Eu insisto em pagar mas você não deixa
Tudo bem,
Posso gastar o dinheiro em chocolate outro dia
Quando não der certo.

A gente olha pro céu
Da boca,
E lá do céu chove
Chove
Chove
Chove
Toda a chuva que economizaram
Tudo flui
E derrama em nós,
Certeiro
Apontado
Inescrupuloso,
A chuva desenvolve
Minha gripe
Minha sinusite
Minha laringite
E todas as ites da vida.

Eu pego o guarda chuva
Não consigo abrir
Ficamos encharcados.
Você diz
"Vamos,  Eu te dou uma toalha"
E eu não quero uma toalha
Eu quero perder uma toalha

Você inunda e se afoga em minhas lágrimas.
Tira a camisa
E escorre em mim
É o que deve ser
É o que são Pedro quer agora
É o que  o meteorologista falou que ia acontecer
É o que minha mãe disse que ia acontecer
A sua
A de todo mundo,
É o que ninguém quis que acontecesse
É o que não vai acontecer
É o que nunca aconteceu
É um sonho
Um filme
Uma nota de voz
É um poema.
É um poema!
Eu sou um poema.
E você me lê achando que vai descobrir alguma coisa
Achando que me lendo
Colocando seus dedinhos nas minhas palavras,  vai descobrir alguma coisa
Mas não;
Porque eu sou um poema
Eu não preciso ser literal
Só literário.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Alagada

Eu economizo água
Eu economizo cada gota que sai do meu corpo
Suor
E uma simples lágrima

Vivo a escassez
Abstraio
Reprimo
Para acreditar que não tenho sede.
Mas tenho.
Ouço sons de chuva
Ligo o chuveiro e nada cai
Eu caio

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Sede por açúcar

Os ombros caíram
E o perfume mancha os sentidos de
Tormenta
Ventos
E anotações jamais lidas.

O tempo tem suas dores
Claramente visíveis
Na luz
Incidente

Para que iluminar-nos?
Dissolvemos na escuridão

Desistência
Há tão pouco tempo era desconhecido
E agora
É
Um verbo sumido.


domingo, 30 de agosto de 2015

Afaga ou afoga

Era uma vez
Uma garota que chorou tanto
que inundou-se;
águas salgadas:
Tornou-se um oceano
puramente pacífica.
No mais belo dos dias,
ela avistou um homem
mas ele tinha medo do mar
e ela de amar.

sábado, 29 de agosto de 2015

Para um mês conturbado

Longo, interminável.
Os trinta e um dias deste mês parecem mais de ano
décadas de cansaço:
reticências.

Há muitos anos eu me conservava
não brincava na rua,
tão pouco machucava-me,
mas, em um só mês ralei o joelho
duas
vezes.
Então, Agosto,
tenho um recado para você:

Não sei o que planeja
- pois ainda não acabou! -
já que vem a me provocar
e não da forma que gosto.
Mas, oitavo mês,
ao mesmo tempo que se atreve a trazer insatisfação,
você é bom no que faz
transformando assim,
pelo contraste
os pequenos momentos bons entre o ruins
em dias e noites inesquecíveis.

Desculpe-me a intimidade,
mas realmente achei que poderia lhe falar assim
porque
parece que nos conhecemos há séculos!



sexta-feira, 28 de agosto de 2015

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Quarta feia

Insatisfação que move
o cobertor dos pés à cabeça.
Sufoca...
Porque o teto é alto
e a tristeza vem
quando ninguém olha para cima.

Será que nem a ficção há de ser gentil?

Falamos de ambição
ganância, individualismo e corrupção.
Realidade crua
- e sem tempero -
mas mutável
A política aperta
n'uma sala cheia de informação
e desdém.

Os pecados capitais são vistos mais belos
do que as virtudes em si
E isso me entristece profundamente
até uma lágrima
pegar um futuro
camuflado de planta.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A Lua sorri

Eu juro
que no estado
físico
psíquico
que me encontraram
não sou capaz de compor.

A melhor noite de todas
surrealista e multicolorida
em círculo de companhia que não poderia ser melhor.

Antecessor do que viria, o sonho
em um estalo compreendeu o  que o real não fornece
porque há fogo demais para se pegar todas as folhas
e eu sou uma flor, não árvore.

Se a vida fosse um filme
ou um sonho bom
- como o do qual acordei -
seríamos infinitos, eu juro.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Fraquezas de um só coração

Se a vida não fosse uma condicional
e minhas reações com suspiros não fossem precipitadas,
quem dera um dia a noite nascesse.

Muitas das vezes prorrogo os dizeres, moldo palavras e barro
Em tédio e ócio purificado
regado em desgosto por exceções;
eu vos digo em primeira pessoa
que a armadilha me pegou
-novamente-
não falarei que minhas mãos estão atadas porque,
bem, meu bem,
meu querido,
não desejo prorrogar confissões;
mas minha cabeça pesa
e eu não bebi ainda...
só a esperança do fundo da garrafa azul.

Um par de sobrancelhas levantando-se duas vezes
os olhos crescem e roubam
toda e qualquer atenção
que os finos lábios mereciam.
Não consigo lê-los.
Fios da vida e auroras da pupila.
As listras na transversal desdenham-me
pois cruzam-se!
Oras,
se as retas, hora ou outra,
aproximam-se
desejo eu ser um traço perdido não paralelo ou matemático
para contornar os fios que me regem.

Marcas de dicionário

Eu queria escrever algo bonitinho, rimado pra referência
mas a coragem ainda falta,
e continuo jogada na cama.

Das escritas que conheço,
palavras com pernas e braços, vozes e rostos
percebo o quão bom o ano tem sido.
Ainda não é Natal - mas quem sabe você agora, leitor, esteja no Natal
em Natal;
mas já é época de tarde
de falar das belezas do ano.

Ando muito nostálgica, com saudade da facilidade
ou da época que nem em sonhos precisava tanto escrever :
escrever e não recitar.

Voltando ao assunto, estilos diferentes
leituras anônimas e músicas boas que fazem mal.
Vejo cada verso como um tijolo
criando uma muralha firme, colorida
e excessivamente alta:
tudo que se pode ver e é permitido - por mim- a ver
são palavras.
As palavras amigas, conhecidas
tocam mais que as mortas em livros
pois as vemos
de longe ou não,
sentimos o perfume ou não -
porque não importa.

....

A vida se prova que a poesia é palpável
não é  lenda
ou história pra dormir.
Os traços da pena
voam da pele
e esmaecem...

Sinto que infelizmente
tenho tornado tudo mais macio
e fácil de análise.
Culpa minha
de tomar nos olhos e tornar-me mais feliz
e, feliz não saber mais escrever.
Mas o problema não é estar feliz,
pois a felicidade gera bobas cartas de amor
no entanto, minhas promessas tem se tornado fortes;
não gere o poema
até que ele peça
com educação
com vontade
com ardor
com virtude
para nascer.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Acordes afinados e afiados

Fuligem
Atrito na estrada tortuosa com os pés trincados
Um caminho que deve ser feito
para que a noite tenha fim
e a madrugada floresça.

Tudo que é minimalista debaixo das unhas
tem mais brilho que sujeira ou a imundice dos interesses.
Desenhado com ou sem agulha nas dobras dos dedos
nas cicatrizes
nos estalos
nos espamos
nos laços
e na escrita.

Passageiros ao lado da janela
outros ao lado do espelho
da espera e satisfação de asfalto ruim
quando o carro passa pelo buraco despercebido
salta
e cai afogado em ar.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Manual

A vida com um sorriso no rosto
sem caligrafia ou falsos pensamentos.
Purificação!
Sem chamadas de trevas e dores apelativas,
de quem se faz de infeliz para alterar o redor.

Risos verdadeiros e sinceros;
caminhos listrados para o desconhecido,
ao imaculado da espiritualidade.

Um rosto vindo sem tempo ou data,
uma voz aveludada ao progredir entre os passos
Sons de pés silenciosos
Correntes de parceria
e uma situação inusitada,
dentre todas da nova era,
em transe.

Os olhos pesam,
pois o corpo tenta se livrar da mente translúcida.
Se a caneta permitir
a tinta não manchará
mas marcará a pele, mais rígida que sangue
as doses de pensamento
aderidos em espuma e olhares nunca mais vazios.

E vibra
sem bordar nos castelos
as construções transcritas
de tantas palavras que vem sem se ler.

Vida de criança, leveza
Tormenta de falas vomitadas
sem temor.

Tiramos os óculos escuros
como a noite intensa
e cabelos e olhos de ortônimo.
O coração trai o amador
que não sabe amar, mas,
no decorrente, correnteza,
aprendeu a essência,
sem nome:
descaradamente rimado
como contentamento.

A precipitação, terra de pecado,
em luta não varrida
em prosa sem ferramenta de claridade
sem situação ou concordância;
quem dera explicação plausível...
Infinito
de pouco espaço.

domingo, 16 de agosto de 2015

Pecados no palco

Uma mentirinha ao dizer que não há palavras sobre tal momento.
Há sim, muitas!

A situação em si foi tão desconcertante
que desconcerto aqui
a promessa uma vez que fiz
de parar a prosa.

Aqui, agora, está tudo silencioso. Lá, instantes antes de começar, podia se ouvir as vozes ao tocar a cortina fechada com a cabeça. O cheiro abusivo de neblina é para se dançar, e, quando se for, deitar no chão e observar a luz...Luz que esquenta minhas mãos e beija meu rosto.
Pois bem, as asas cansam os pés.A música começa e inevitavelmente é visto centenas de rostos, virados a nós, comentados por voz que faz chorar. As lágrimas se iniciaram antes mesmo do primeiro sinal mas, lá, na abertura foi o ápice. Rosto escorrido de medo, inconstância e infelicidade do personagem dado, costurado às costas. Eu revivi a ansiedade, as descidas infinitas pelas escadas, o desespero contra o tempo, a finitude e o contato com pessoas que amo.
Quando fecharam meus olhos, cega senti os olhares apavorados voltados a mim. Projetei cada assento do teatro e gritei para as cadeiras vermelhas vazias, preenchidas por pessoas que eu nunca chegue a conhecer; para que ouvissem e acordassem seu interior.
Não foi feito um espetáculo, ou danças ou teatro. Eu sei que ali foi feito poesia, e é isto que toda alma deveria, ao menos uma vez, vivenciar.
A quem viu, agradecimento e gratidão.A quem não viu... o mistério e possibilidade de deixá-los imaginar como foi, pois nenhuma câmera há de capturar em ponto de vista ou plano aberto todas as virtudes e pecados ali admitidos. Ainda que as palavras me façam acreditar que a ausência só é permitida porque assim seria melhor, quem sabe a curiosidade desperte quem dorme.
Haviam tantos detalhes a serem descritos, tantos abraços escorridos de choro e corações pulsantes, tantos nomes e sons, tantas vidas e intrigas que o sono guardou em meus olhos inchados e colocou-me a dormir.  O que não foi contado, por atrevimento ou esquecimento, foi transportado a sonho, sonho que preenche papéis e pétalas de rosas - infelizmente, não azuis.
Não o ultimo, mas a volta do filho à casa.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Torna-se hoje

Eu queria, de verdade
não começar a escrever com meu nome no início
mas não me contenho.
Porque eu - novamente -
queria duas batidas na porta e
uma rosa azul.

Por mais maçante que soe
e realmente seja
há tempos não dançava ao som de voz aveludada
mesmo em dias de caos
e pureza reduzida a potes de vidro sujos.

Algumas horas para reencontrar o amor verdadeiro.
Tão lindo, tão puro, tão vazio.
A ansiedade para gritar a ninguém
e o medo do que virá a acontecer
quando as portas se fecharem
as luzes se apagarem
e a imensidão e crueldade da noite
engolir em uma só bocada o meu voo.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Nunca é tarde para rimar

Para o meu desespero
fui enclausurada pelos poemas.
Eles disseram
''Nunca mais vais escrever em prosa''
e, eu, contaminada pela gramatica adequada, aceitei.

Mas eram novos tempos aqueles que ventavam
e adoeciam a alma de um artista que apenas queria ser visto
e lido antes de dormir.

Eu tinha sono
mas a madrugada fria me balança em seu colo.

...

Passou três dias sem comer
apenas água e Sol,
desmaiou na véspera do casamento
e fugiu com os braços do chão
que seguraram seu corpo na queda.

Uma vida na estrada, sem figurinos
nas demandas do verão e tristezas do inverno
na espera das palavras de acolhimento
ou da enfim liberdade
para bater as asas
e vo(lt)ar


terça-feira, 11 de agosto de 2015

Salva de graças

Já se foi o tempo em que era preciso mentir
hoje q verdade destoa e reluz,
tanto com os cabelos presos
ou soltos.

As máscaras cujo fim era o da interação só distanciaram mais da meta,
mas a espontaneidade
em local certo, subiu os degraus
sem asas
ou pena de norte.

Os olhos gritam melodias suaves
toda vez que é roubado o riso
e o choro ban(d)ido.

Uma estória de pinóquio tornada sangrenta
com carne e unha,
fome e prazer.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O som das teclas no estômago

Nomes vazios
e infrações.

Freio de mão e ajustes às rodas.
Piadas infames, doutrinas destinadas em outras mesas de cirurgias
Belas e desafinadas.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

As folhas que caem e as flores que inundam

Eu tenho frio.
Diante das frases impostas a vir,
esqueci do quanto amava a estrada.
As músicas no ouvido e o silêncio escuro das poltronas.

...

A pouca paisagem volta ao concreto
cimento
asfalto
a melancolia vestida de volta,
de esquecimento sobre o que brilha muito
e não é.

Torpor e brisas geladas nos braços,
vulgaridade nas escadas...
Toda a vida desolada em cores mais vibrantes
que agradam os olhos
e congelam a pele.

Eu sei que o inverno não acabou
pois a neve cai durante todo o ano.

Maldito seja aqueles que querem que o tempo passe rapido
e,
que queimem no frio os que tornam isto real.

Pois é, não se pode fugir
ou fingir que não nevará nos dias seguintes,
Tanto faz!
O importante é que
meu cobertor me conta as mentiras que preciso ouvir.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Repetições e corridas

O tempo estava se esgotando
E ela corria
mais rápido do que poderia qualquer um.
A luz do dia já se transformara em pôr do sol
e ela tinha de correr
do uso da primeira pessoa.

Jogada na cama não tinha utilidade,
independentemente se tivesse se jogado
ou se fosse jogada por um terceiro.

Meias coloridas nos tênis novos, desconfortáveis.
O ar, agora vento,
lambia seus cabelos
e violentava seus pés.
Sangravam as fases da Lua.

O local ainda estava longe
e ela acreditava piamente que,
se coresse, cruzaria os mares de semanas
em alguns minutos.

Sem sono.
Era melhor achar algo para comer
ou papel para limpar o suor.
Mas, uma melodia longe atinge o chão
onde por alguma brincadeira da vida
ela está deitada.

Seria um belo fim o atropelamento...
Mas há melhores dias
com chuvas piores.
Entre os ouvidos os tons embalam como no colo
e adormecem.
Como feto fica lá, derramado
e molhado de tudo que já foi escrito em sua pele
mas agora derrete...
Porque a permanência ali
é sentença de corte.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Profissão: Amadorismo

Um fundo vazio
depois de antigas páginas nao-autorais devoradas
com segregação
e abandono.

Amparo para as linhas que sustentavam ainda
os motivos
e palavras complicadas
para viver.

No entanto,
depois da janta desnutrida
e do banho quente
no vapor do banheiro riscava
rascunhos de discursos,
gagos de berço...

Não sabe escrever
ou ler.
Não sabe o teor ou sabor dos dizeres
que saem dos dedos
e não da boca.
Pois os lábios reserva
para ditos que não são seus,
já que só se grita em timbre
o que não rasga a garganta em tinta.

Os dedos estão sujos
e eu também.


sábado, 18 de julho de 2015

Requiem estampado em lenços de papel

Tornou-se uma cachoeira
os braços doiam
a garganta não mais ardia,
não saiam as palavras
apenas o sal
escorrendo entre as grossas lentes do óculos à boca.

Não lembrava mais daquele gosto,
como de tantos outros
Inconsolável
sem fundamento
ou Lua em signos congruentes.

Não conseguia mais tirar as negações das sentenças
ou acalmar-se
Não sabia do que precisava
Não queria dormir
Não queria mais coisa alguma

Dentes doendo
nariz escorrendo
e a dificuldade de terminar
o poema
o nome
a vida
os créditos do filme
e tudo mais
que a vida pusera em sua frente
depois de veneno para animais já mortos.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Desencontros improváveis em corredores largos

As segundas feiras já foram mais felizes
e conseqüentemente, ativas.
Tempos de ponteiros vermelhos
Olhares escuros e noites bem dormidas...
Porque os dias valiam mais.
Elas passavam vagarosamente, de maneiras irrefutáveis
nas formas que o homem decide andar.

Passam-se semanas que tento recordar
como era o sentimento
de ausência de tanto sal escorrendo na boca,
pois era perpétuo,
divino.

Todo animal um dia encontra os seus.
Inspiração e continência agrupada.
Tempos nostalgicos
com novos rostos...
Tempos em que as rimas cogitam retornar,
mas o fim da idade impede.
A espera :
o andar perdido entre as árvores
que não são mais de papel,
dobradas no bolso direito
como segredos um dia cultivados
a mudar o mundo.

O espelho continua sujo
e o reflexo, distante.
Os rabiscos molhados e nenhuma canção alivia as semanas frias
de um coração que deseja o silêncio
enquanto grita desafinado.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Comemorações antecipadas

Quantas luas se passaram desde a última vez
que meus dedos pegaram uma pena para desenhar lapises por letras?
Vou os achando, escritos, pergaminhos velhos e contrastantes.

Apenas a velha expressão de surpresa
com indagações
e revelações feitas por mim mesma.
No final,
as mudanças transitam
e não terminam as sentenças que

Opia

Há muita areia na praia
assim como o óbvio em canetas vazias.
O vento traz a areia, entrando nos olhos de quem os fecha
em sinal de respeito
ou apreciação.

Anonimato em ruas estranhas, de pedras são
as pessoas e calçadas.
Fontes em meio a jardins
flores bonitas, sem miolos gritantes e caules indignos;
a chuva que rega
só cai quando sente sede.

Leituras ininterruptas
como batom vermelho nos lábios durante toda a noite.
Rostos limpos não conquistam o interesse:
aqueles que com muita facilidade prosam
não devem saber olhar pela escuridão.

Meias palavras e goles de mar doce
são propostas de falas ainda não elaboradas.
Podem ser desnecessárias,
mas aquele quem escreve fecha a boca e
abre as mãos:
recebe amanheceres.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Trilha do vazio

Harmonias riscadas e desconfiguradas em final de festa.
Blues e jazz, gritos e estalos
um ardor no peito atingido pelas batidas do relógio.

O caos não tinha poder suficiente contra uma alma faminta.
Uma poesia amarga na boca
e coerente na veia.
Perante o silêncio, escondia pronuncias
deixadas para serem reveladas, quem sabe,
em outros sonhos desacordados das manhãs.

Nem sal, nem açúcar:
Água.
Movimentos de líquido e cachoeira entre o sedento,
o seco e a garganta cortante.
Eram tempos sem chuva
pois as tempestades inundavam de dentro para fora
em um eterno devir de continuidade.

Entre lençóis e cobertas
o frio e as ideias brotavam do teto,
desabando cada vez mais
até atingir o corpo repousado.
Uma vez atingido, adormece em sons de sopro
para acordar em dias de realidade.

Todas as noites se mostravam indiferentes
quanto a impessoalidade demonstrada sobre o que olhos escuros vêm.
A prece tem de ser diária, diário;
não escrita por gosto
mas rabiscada por desespero.

Por fim ou fome,
deve-se concluir
pois as palavras sabem a hora de fugir:
instantes antes de tornarem-se armas
de fogo
água
ou saliva.



terça-feira, 23 de junho de 2015

Dedos trêmulos

Uma vez odiada, a fumaça agora vislumbrava colorida
entre os pulmões ditos de referência.
Escurecia e tornava-se nuvens
cujo Sol
não vive nas noites.

Era uma memória recente e agradável
assim como a facilidade encontrada em continuar o bordado de palavras...
possivelmente porque são o mesmo.

Traga
da
melhor composição de
luzes evaporadas em meio a multidão.
Tantos estranhos vagando sem rumo que
é possível se ver quem não está presente
assim como quem não é passado.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

O que acontece quando o veneno é doce e demasiadamente saboroso

Na degustação da saudade, inundou-se
ofegou o ar aquático, melódico
e terreno.

Preparou as cordas e as pendurou no ventilador,
um lindo laço
com rosto de exaustão e sono.

O canto da boca estava sujo
cheio de alegrias e expectativas realizadas,
de nostalgia fria
e músicas recorrentes à memória pagã.

Como cordão ou presente dado
em volta do pescoço, calou a voz agora rouca
ao chutar a cadeira de palitos de sorvete.
No maior ato de coragem
transgrediu a imaginação

E ...cometeu amor.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Descrição de uma obra

Poesia
é rima, é rabisco no chão, flores bonitas no quintal.
É ânsia eterna, despejada ao mundo
transbordada da alma.
Não se grita
ela é dita baixinho, sussurrada para aliviar os dizeres
borrados de batom vermelho
vulgar ou não,
dependente da necessidade
do vocabulário.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Inconclusão

O rosto rente às paredes de tijolos transpareciam entre as janelas,
tantos nomes sumidos e recuperados
tantos termos e pés e fôlego e goles.

A cada vez que cruzava a porta tinha mais certeza de que deveria estar lá,
do porque está lá.
De versos igualmente não rimados gerou o filho
faminto por poesia, alérgico à prosa
devorou a genitora enquanto pôde.
Depois foi guardado na gaveta, na espera que os ponteiros o tornassem visual.

O contorno é uma linha tênue
entre seu desejo de multidão
e a escolha do estar só.
Aprendeu argumentar, escrever e dialogar discussões
discursos incontestáveis!
A narração de uma alma autosuficiente chamada de contradição.

Um juramento de versar apenas para si
e para a natureza era a deixa para as andorinhas voassem
longe dos céus vermelhos
a contar ao Sol, disposto a tornar o mais belo dia
para que mudasse de ideia.
Conservava-a, sim.Era forte -
mas não eterna.

terça-feira, 2 de junho de 2015

Deixa o cabelo cair no rosto

Sou canceriana e não há o que mude isto.
Os astros podem prorrogar a permanência sobre a luz
mas há sempre um canto mal iluminado...
Referente àquilo que deve-se sucumbir.

Deixando a música mais alta ao ver
os postes fracos deitarem luz nos restritos.

A cada dia enganava mais a si mesmo,
na espera do bem maior.
A cada noite aceitava mais o futuro que escolheu
o que não poderia ser apagado:
Pureza.
Não a palavra propriamente dita,
no sentido verossímil ,
mas na pureza de si próprio,
na não deixa alheia de interferência.

Acreditava piamente na perfeição
e fazia das pequenas coisas donos dela,
como se novamente a fuga da realidade
em goles feitos apenas para o acesso
fosse possível.Sabia que não.

Um sorriso triste no rosto
de olhos molhados implorando para que não derramassem.
Haviam ainda muitas oportunidades para que vessem o choro
assim como as vírgulas
metidas no meio das coxas.

Luz ambiente, câmera na mão
e acidez na fala tremida.
Seu maior agrado a si mesma era a comoção de sua pluralidade
mas não sabia mais onde guardava esses tantos nomes.
Em uma gaveta , claramente escura
cheia de concordâncias e adjetivos!
Segredos sobrevivem na boca de quem é contado
apenas quando esta é mantida longe -
longe de quê ?

Tornou-se vulgar, cuspindo incertezas de realidades que não a pertenciam,
de datas jamais manifestantes.
Queria moedas de ouro
para jogar em frente ao Sol
e rapidamente cegar seus próprios olhos
de uma vez por todas.



sábado, 30 de maio de 2015

Prece

Que Deus abençoe a ficção!

Formalidades

Que belo casamento seria
se as trompetas tocassem a música
em campos de séculos passados.
Ou
se os convidados avisassem os noivos
que ambos devem estar cientes
daquilo que se submetem.

Tudo cintilante
Cores frias e lábios quentes,
contraste do branco e preto com vermelho.
Rodopios no salão
e um instante de paz :
pedido a mão para dançar.

Sonhos fundidos em realidade,
tristezas disfarçadas nos sorrisos
e concebidos nas aceitação da covardia
em não saber dizer
o sentimento
transformado em foto!




quarta-feira, 27 de maio de 2015

O sorriso ensanguentado da Lua

Dominado pelo desejo e frustração,
as palavras do homem contemporâneo surgem em meio às cinzas.
O que é visto nem sempre é o que deixa ser,
por não saber se representar
ou,pior e maravilhosamente,
quando isto é desejado :
dissimulação.

A vontade de querer viver.
A filosofia ainda regia as mãos do poeta
cujo nome ainda estava enterrado,
vetado às amarras de cordas finas.
O desejo em uma ansiedade eterna circular,
um pelo outro e nenhum recíproco,
cheios de palavras dadas desassociadas de um período.
O anseio e revogação para sopros ideais em um vento nublado,
perigoso em cores sofridas
artísticas veneradas.

A música possibilita que as mãos escorram
sem precisar se virar e mirar os olhos
- que não estão a ver o que se desejaria.
Um mundo de beldades aleatórias
sem compromissos
vencidos no monólogo aos dedos,
lambuzados de sangue e venerado
- quando não repetido sem honra -
dado à boca jamais chamada de lábios,
melódicos quando caramelizados marcados com digitais.

Quando um relógio inexistente toma mais sorte
que a força regente das palavras,
pois bebe do toque do rosto branco :
Seguinte ao pulso de quebras vermelhas,
inspirações em gestos e teclas de marfim, majestosos.
A realidade, maldita, fundada em tolices ri ao ver
o amor às mãos
de toque possivelmente leve, deduzidos de cinco em cinco,
dormentes.
Todas as juntas gritam anéis de dor.

Ao lançar um beijo,
o toque à medição da fala pede,implora
a segregação de cada célula branca e sorrida,
para se tornar possível recolher cada caco cortante no chão.

E, se perguntasse o que é o amor,
o que seria respondido?
Ou, pior,
o que não se pode responder?
A primeira imagem representada em uma mente perturbada
dissolvida na estética da solidão :
o esperar, dia após dia,
noites e madrugadas,
por uma despedida.
A dor nas costas pertence à saudade da própria,
nunca vivido e puramente desejado :
metalinguístico e excessivo dos objetos pecados na...
dormente palma.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Delírios de um poeta

Do fundo da janela avistou a escuridão
profunda em brasas de outrora
grãos de prata. Sortidos em t-ouro.

Vulgar consumado no reflexo
e palavras indiretas de puro sensor.
Trilha amena
de sons e caminhos nas florestas,
marcando o exato momento
em que a lembrança desatenta a sinais falados pelas paredes
encontra o presente
de si para si.

Riso incontrolável enquanto há alguém que chora
a sede dos olhos
pelos outros que regam a imensidão tão sólida:
solidão.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Limbo dominante

Antes que a noite cubra as nuvens novamente
e dê laço em muitas canções de caramelo,
a escrita deve se atrever a tentar
refazer os passos do inconsciente.

O terceiro sonho.
Terraqueos alfinetados por oportunidades...
Possivelmente um pilantra
acompanhado por mãe e filha.
- não sua mãe, nem sua filha -
Uma atuação impecável, quando o papel serve bem como luva.

Ele traçava negociações com todo o planeta, e posteriormente em outros.
Urano.
Sétimo planeta a redor dos astros...
Mas isto é para contar depois !

Conjunto branco :
Calças, Paletó e pele pálida
como saído de um quadro no aumentativo.
Olhos castanhos e cabelo também,
penteado para a lateral.

Dedicava a seu sorriso toda a provocação que pode ser dada a um homem.

A garota leu em um plástico cor de pérola
que o amava,
e assim juntou-se a ele em um abraço.
Virou narração e fala sem nexo,
Torres de marfim contra calçadas de pedra.

Tomou as mãos dele
com olhos inocentes ouviu um murmurio...
Disse a ela algo sobre sua..intensidade
mas ela, perdida de amores
não sabia se quem falava era o personagem
ou o homem igualmente intrigante.

Deitou ao lado de seu rosto
para apenas observa-lo
Tocou a face
e inalou o perfume.
Ao levantar do chão
acordou do sonho
para a eterna ascensão do inconsciente :
ele manda e é obedecido.

Seguiu os riscos
consciente.
Concluiu :
O destino é melhor quando se dorme.

Corrosão

É perigoso
essas batidas e ciscos voando em direção aos olhos
como vertentes imensuraveis
alagados em afogamento.

Falido em diversas ordens, cometas
São por ordem ordenados
na destilaria...

Oh, destino impetuoso,
Por que definhas toda situação
e até mesmo as que pretendem situarem-se ?
Pulando uma linha, vencendo duas ligas
Honorários. Verbos bonitos...
Uma corrente jurada ao nunca mais
revestida de ouro, sim
e passados que definem
o quão triste uma quarta-feira consegue se tornar

Leu infinitas páginas
versou improvaveis rodopios de tecido
em cacos de vidro.
Não podia
vencer a morte
muito menos,
a medicação.

Tornou-se o objeto de maior admiração :
A excentricidade só.
E, da solidão
não conhecia os segredos, endereços ou disparos com pólvora.
Acomodado em deveros sinais

...

Pare. Siga.
O desconhecer
O rompimento das expectativas.
Um óculos que não corrige a visão
é só areia
em lágrimas
que não se tornarão
ti
jolos.

domingo, 17 de maio de 2015

Produtividade e profissionalismo

Uma página em branco
Chovendo para ser escrita, entre noites e compromissos
Entre pensamentos e delírios consumados.

A força da água regia o vento,
o ar conforme os dedos tocavam o céu
e as constelações, incontáveis.

Sentia medo
de perder a poesia, o amor à vida
e esta propriamente dita.
Recuava sobre frases no imperativo
e no pretérito, imperfeito.
Consolava-se, razoavelmente
com o pensamento que a solidão era uma boa companhia...
Mas os olhos gritavam mais alto
salteando do peito
em direção a um mandato sonhado.

Era pressa, era atraso
desistência e também
receio de tudo dar errado, ou de dar certo
ou de nem dar, de fa-dar
fada.

No fundo, estava exausta
Cansada  de sonecas que não cessam o sono.
Dormir novamente
talvez trouxesse a paz
de uma estória
realizada sem as marcas vermelhas
nas pontas dos dedos.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Vasto soar

A paixão havia arrebatado mais uma vez os rascunhos do poeta
Desprovido de razão
de dias, mergulhado em noite escura :
Em olhos anoitecidos.
Sucumbiu.

Regou a velocidade cada vez maior,
anestesia de adrenalina...
Três batidas na agulha e uma picada
consolada no gosto da dor.
distorções da realidade
distraído nas imersas dádivas
cantaroladas ao se observar
nuca
para todo o nunca.

Versou em si com tinta azul
no som cortante
as rosas desejadas a se ganhar.
Aproximava-se os ventos do inverno e,
com ele crises temperadas em mansidão.

Em torno da gramática
deitou a cabeça, quieto
refletindo quando poderia
prestigiar o universo com suas estrelas e poeiras de séculos passados,
em campos verdes
levemente azedos pelo toque do limão...
Toda a doçura transcrita!

Grosseira e pigmentos vermelhos
tais como sangue
domados em
mãos perdidas n'um tecido claro.
Harmonia e plenitude
abusivos de um sentimento que rege o mundo
e aquele quem aqui fala.

...

Para finalizar
e acabar com a dor daqueles que hão de ser sacrificados pelo amor,
suplico a crença
no que tenho a revelar:
Outro sonho abraçou-me
e deixou ainda mais claro
a fraqueza contida em versos românticos
e excêntricos
banhados em outros tantos advérbios,
tais como...
inconsciente enamorado.

domingo, 10 de maio de 2015

Ascender à luz

A noite implorava discursos das paredes
que, por sua vez,
gemiam os arranhões de unha.
Inspiração goles
muitíssimo mal escondidos
de bebidas tão leves quanto absinto.

Feitos sob as escadas em corredores sem portas;
um lago em frente ao espelho
tornado
eterno.

Dizeres bem construídos
e reclamados pelas costas,
apenas beldades dirigidas ao silêncio de uma rua bonita.
Boêmio.Chapéu na cabeça,
de praxe
açoitamos cada um chamado móvel
coração e rins de apostas.

Finitude em sono infinito
cujas palpebras
permanecem fechadas
antes do roçar nos lábios
feito por
um fantasma.

Jurei, pelas estrelas de uma noite razoavelmente intuitiva
que não rogaria este para tal assunto,
separei palavras sobre uma rosa seca
e guardada com amor.
Mas,
- e todas as conjunções juntas -
ao deitar-me,
com melodias tão suculentas
sonhei novamente.

Desta vez
a réstia cegou os olhos
beira piscina
em fuga de problemas ainda não criados
e monstros imaginários.
Tudo escondido, de todos
e de mim
Não agradeço a discrição,
pois não é descritiva
e sim...

outras drogas advertidas com prescrição
Os médicos não recomendam,
mas o que posso fazer
quando bate à minha porta
com as rimas que quero ouvir?

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Na árvore

Fingiu muito bem não ser também uma contradição,
disse-me isso.
No entanto, age conforme a casca riscada com meu nome
muda de cor
camaleão.

Piquenique
de sorrisos desviados
e olhares discretos.
Olhos grandes
de encontro uns aos outros
disputando
sabe-se-lá o que.

Em outras formas, falta-me 
ação.
Poesia grita suficientemente
mas não responde se é sabida.

Adeus, fome.
Matar-te-ei mais uma vez
para ver se desmaio
e alguém recolhe a minha pessoa
do chão revestido de torpor.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Refém

cercaram a cidade
estamos todos refugiados
escondidos das armas
e rezando baixo soluçando.

Sucinta :
Não aceito o perigo de tal ameaça
de ataque
sem novamente sorrir naquele abraço.

Enfim, era tudo* boato.
* exceto meus braços abertos.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

As luzes que ofegam as sombras

Havia uma vez um par de pernas
que andavam tortos em linhas retas.
Um pé na frente do outro.

Citações de morte
em verdades de medo.
A vida parecia completa em um campo vazio
cheio de nada.
Temor pelo passo seguinte
descrito nos olhos que viam
cada vez mais perto
o local de despedida.

Não tinha tempo para pensar
se a oração começava com pronome pessoal obliquo:
" Me ajuda, destino ! "
Fitava os pés virados um para o outro,
colocava o próprio cabelo atrás da orelha
e tirava a mesma mecha antes que visse-a assim.
Atormentada pelas vozes de sonhos
...

Desejara tanto ser guiada pelo inconsciente
e finalmente era.
Um sonho mandando que fizesse,
acelerando o coração,
escrevendo poemas diários
e.

As horas das madrugadas em claro eram frias
e majestosas.
As mãos e pés aos poucos encolhiam-se
para que o resto do corpo, que hesitava dormir
concordasse
e fosse de encontro à novas possibilidades.
Quando acordada, sonhava com palavras dadas
Quando dormia...
estava de mãos dadas às palavras.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Discurso de constelação

Quais as forças que conspiram ?
Sobre a insônia e madrugadas:

Engolindo o choro suave entre soluços
Invenções para melhor discernir entre o óbvio
e o encantador.
Mesmo sem provar é sabido
o quão doce deve ser...

Foram amarras fortes para que
não fosse feito uma linha sobre o então,
ao notar
já proclamo a quinta.

O morno não interessa:
ou congele ou queime o coração!
Toda e qualquer forma de arte.

A vitalidade transtornou sobre o que é a vida.
Há sempre apenas uma opção :
Ou torna-se gênio ou louco.
E, de loucuras...

Uma única luz traz vida
a uma música de qualquer passado
a ser vencido.
Foi tudo ouvido
tudo anotado em folhas de caderno que não pertence ao escritor.
Jurou ódio,
comparações e incontáveis distorções julgadas.
Não pôde..
Pois não é tarde demais :
é noite demais
( dentro de si )

Desenvolvida outras dores,
os deslizes iam sendo cada vez
mais altos. Absurdos !
Apostou a arma para a própria cabeça, mesmo não embaixo da mesa.
Todos pararam a olhar.
Um último suspiro de coragem,
não para puxar o gatilho
mas para mirar com seus olhos os outros bem a sua frente.

Toda a vida em forma de sonho
recheio de padaria.
Lembrou do passado formador
das rimas meigas
dos atos bondosos
das piadas infames
das brincadeiras secundárias de sentido
do conforto naqueles braços.

Não acreditava no fim
mas seu tórrido desespero tornou possível,
pontuando a cada piscar.

Seus lábios finalmente fechados
no aguardo do que há de vir.
Vozes, luzes e danças.
Realidade escorrida
e transbordada em feno.

Rogar? O destino não atende ligações.
É um jogo.O melhor de todos!
O problema se dá em saber jogar.
Os movimentos realizados são minuciosos
no entanto
Eu
- na primeira pessoa, pois é pessoal -
não gosto de perder partida alguma.
A palavra em si : partida
Rachadura
Deixa de local
jogo.
Raramente se é usada unilateral,
assim a gosto de usar,
múltipla como eu.

Quando foi dito que escreveria folhas e folhas
as árvores não creram
nem a criatividade.
" O que dirás ? Fruto de ti ? "
Contente, a inspiração
soprou pela nuca do ser-escrita :
" Direi que a noite é estranha,
assim como os sentimentos vindos de um sonho.''

sábado, 2 de maio de 2015

Mais detalhado

Lembrado foi que
toda e qualquer história
e principalmente as estórias
falam de amor.

Agora, qual o amor que digita em uma quinta-feira a tarde desnorteada
desigual nas linhas ?
aquele que toma os sonhos e
lacra os lábios do sonhado
para jurar segredo a ninguém?
aquele
inusitado, guiado pelo inconsciente e passos em falso?
aquele que não será apagado depois que fugir...

Dentre a friagem
surgiu! Tornou as estrelas cometas
Fez do poeta um fingidor profissional...

No modo automático
Cantarola a música muito alto
desprende as fivelas
Despe-se :
Covardia e segredos jogados no chão de madeira.
Dirige-se ao espelho
e não encontra reflexo,
apenas marcas de luz.

Amor a vida
ou ao medo de viver.
Comodismo entre goles de anestesia
das agulhas mais finas e douradas.
Reluzentes e perpétuas
indolor, é dito;
quando o amor é vestido de frio no verão
bordado com lágrimas
e sorrido
entre ser singelo e desumano.
Duzia e arames
O amor para uma parede bonita
refletida sem espelho.
o amor mais puro:
Amor pela palavra amor.



quarta-feira, 29 de abril de 2015

Miados sem Lua

Forjado nas rodas desestruturadas
Vinde !
Direção : para que são as asas sem essa?
Branca e pés próprios
Desmistificam os pulsos no peito
inviáveis e mal digeridos...
Tudo ia bem demais.

Conflitos e jogos de palavras cordiais
Não há o que fazer ao badalar suave
Já é meia noite
- Para onde ?
- Até aonde a gasolina permitir.
Poder corrompe e compromete,
Indecisão contorna sorrisos desgastantes,
como os de quem só viverá mais uma noite
e não crê na própria situação :

é só a ponta do iceberg.

Por hora é só
a solidão de uma madrugada estrelada
e doce nas estrelas dos olhos.
Sopra o vento, nuvem!

terça-feira, 28 de abril de 2015

Sorrisos aveludados

Desculpe-me pela grosseria
mas hoje não estou feliz,
estou apaixonada pela minha vida.

Emociona, lágrimas balançam como a roupa
em rodopios
tão azuis,
e luminosos.

O que mais posso pedir?
Imortalidade, eu diria.
Deixo a doença de lado
eu a venço, hoje.
O que poderia ser mais importante do que Hoje?
Jamais o ontem, nunca o amanhã.
Comentários tolos, mas necessários...

Tão tolos, os versos descascam-se, harmoniosos
Cantam alto agora,
pois em breve, devem sussurrar.
Mas,
ah
esse sussurro traz medo, medo daquilo que já não conhece mais
De um amor nunca provado
pois foi sonhado em noites diferentes.

Reaprendendo a olhar nos olhos
e ousando a tocar as pupilar alheias com as minhas.
O Destino nunca fora tão bom,
e é isto que me traz medo: o que Ele me trará?
Resposta: provavelmente aquilo que quero e não tenho a coragem de ter.

Tentando desassociar nome de homem
abordando em um papel
as margens cor-que-mais-amo
em ponta fina quebrada,
em perfume sentido de relance
e respirações na nuca.
Se um dia souber falar da felicidade bem da forma que é,
Ah,
tamanho azar desses poetas
pois jamais saberão como é
viver a inconstância
e ser uma contradição.



segunda-feira, 6 de abril de 2015

Reencontro agridoce

Finalmente, nosso final que mente.
Recebi suas cartas, doces
e apelos para que voltasse.
Exitei, por um tempo
Pensei que seria errado...
Mas, sempre soubemos que pertencemos um ao outro.

O problema sempre foi a dominação.
Apresentou-se a mim como se fosse se submeter a minhas palavras,
Deixou-me vestir suas luvas para que eu acreditasse
na época da inocência
que eram agora minhas.
Você que me escolheu
e isto nunca mudará,
vive por minha conta
e eu pela tua.

Demos as mãos e esquecemos
que o mais importante
era o dedão tocar o mediano antes da despedida:
Triste, trágica, impetuosa.
Todo o seu rio poderia ser lavado com as lágrimas
que derrubei
e que limparam teu rosto branco,
magnificamente pálido.

Seu sobrenome me serviu por muito tempo
e adiamos o divórcio em um ano, dois.
Agora, caro melhor amigo e amor destrutivo
continuaremos a nos ver,
este ano
e no próximo.

Fui dar a notícia a minha mãe.
'' Ele voltará ''
A falsidade tomou cada timbre de minha voz falha,
queria tanto chorar
mas não queria que ela visse tudo isso novamente.

Por sua causa, não soube poetisar
Homem medíocre, devolva minhas rimas
e a arte dos versos não descritivos.
O ser subjetivo volta então:

Marcou-me
o rosto fino
a perna direita manca
os olhos grandes
e,
o seu sorriso agora não podia ser separado dos meus lábios.

Em outra mentira incerta
falei que é, sim, falei,
o mais importante.
De certa forma,
deve ser
pois sem você
eu não teria realizado minha sombra.

Adoçamos tantas vidas e
nossas almas tornaram-se difíceis,
improváveis de serem analisadas.
Quem é o personagem e quem é o ator?
O que é realidade e o que é sonho?
Maldição vestida de roxo e cartola.

Queria poder beijar-lhe
mas sei que só existe quando visto suas roupas.
Pegamos o calendário mais uma vez
...
Não me olhe desse jeito, sei o que quer
uma voz para suas palavras
e eu,
Ah,
só quero mais um outro nome
para minha coleção
e poder dizer através deste
o sutil que sou
e a convulsão que somos.

Boa noite estrelinhas,
numerem a falta dele.
A Terra diz:
Ele vai voltar!



A primeira das últimas vezes

A arte de rimar imagens
Da catarse retiramos as nuvens,
devolvemos às ruas
antes que todas voltem a ser iguais
e o caminho se torne confuso
e eu perdida.

Como sempre
os sapatos jogados no canto
e virados para baixo, contra superstições
tradições
e pedidos.

A despedida foi tão bela
a ponto de alcançar a perfeição.
Disse:
Vá, tudo que desconheço de mim, vá sem ir.
Confusos,
dormiram sem saber de fato o que eram.
Ninguém sabia, nem o próximo verso
ou estrofe.

Goles
de má formação na garganta,
azedo ou doce
indiferente mas absolutos de teor
vigoroso,
maior que todas as estrelas do céu da boca
enrustidas em poemas em guarda napos de bar.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Nuances iluminados

Chove
chove delírios nos olhos.
Abra-os e veja
como jamais foi capaz...
Premonição: as rodas escorregam
o veículo gira três vezes,
como em câmera lenta as gotas
desvendam o desespero de cada passageiro.
E se já soubesse? Se o futuro visse?
No duelo com os deuses
nenhum mortal morre vivo.
O vidro embasa e nele pode agora ser escrito
nome de casais nunca existentes
nunca duradouros...
O calor do escalpo quase alcançava o da cama
só e derretida em dois travesseiros:
mas uma só pessoa deitada.
Podia assim imaginar :
um corpo dilatado e enrolado em lençóis brancos
quarto escuro,
o corpo incapaz de ser visto
- mesmo ele sendo capaz de tudo ver -
e outro corpo
em pé
sem coragem de tocar o colchão.
Observador de estrelas
fotógrafo de canções
e escrita de viajantes.
Entre o desmaiado pueril
e o silencioso de olhos abertos
qual é que
desdenha com as unhas
o pesadelo dos anjos ?
De vidente e vítima todo poeta tem um poço.Pouco.

Gangue de metonímias

Com o início da semana,  nada mais se dissipava.
Era tempo de mudanças,
desafios e inconstâncias para todos, juntos.

E o sentimento de multidão preenchia
pouco mais do que a solidão iludiu ser...
mesmo disperso, o nome tinha outro teor
gosto de infância realizada
de velhice precoce
e, ao fim,
de sociedade propriamente dita.

As rimas nem mais ousavam invadir,
estavam proibidas a voltar.
Musicas antigas e olhos fechados, devaneios.

Estava
está
exatamente onde deveria estar.
Só sobrava, então
agredir verbalmente e nominalmente todo aquele que descordasse
que o destino é misericordioso
e absolutamente
eterno.

terça-feira, 24 de março de 2015

O homem ou a palavra

Um buraco no peito
vocabulário perdido e letra gasta.
A nostalgia tomava seus olhos e ouvidos
mas não era o mesmo.
As suposições eram incertas.
Eram gêmeos:
O homem e a palavra.
Andavam juntos até que
em meia noite de Lua velha
o homem dormia e a palavra morria.
A questão era sobre lógica...
Dois infinitos não somam uma humanidade.
Quando deveras eram juntos,
não
não tinha como saber!
O homem era tão belo quanto suas palavras
assim como as palavras eram tão provocativas quanto o homem.
Responda, responda rápido
Afinal,
o homem é amado por suas palavras
ou as palavras são amadas devido ao homem ?
É ao ouvir as palavras que se toma amor ao homem
ou ao ver o homem que tomava-se amor as palavras ?
Em busca.
Em busca de uma palavra-homem
ou
de um homem de palavra.


quarta-feira, 18 de março de 2015

O menino que brincava de ser deus

Texto corrido
olhos atentos nas palavras.
Quando pensou serem verdes, amarelos,
Soube da realidade:
dois sóis em um céu azul.

Livre arbítrio.
Quando pensamos que o destino nos levou a um lugar
com intenção
de grandiosidade,
fugimos do controle das ações
para aceitar que muito maior do que somos é
o que já foi escrito e transformado em carne,
olhos
e homem.

Introdução

Novo blog, espelho do antigo, diferente, inconclusivo. Simplesmente novo.
Aqui poesias soltas, verdades desamarradas e gritos no escuro.