quarta-feira, 22 de março de 2017

Pedido de des(culpa/pedida)

Tal como um suicídio
Despeco-me em desculpas
Em culpa no sofrimento alheio
E no meu próprio.
São três pedidos diferentes
Tal como o gênio concendiria.

1. Deixo todas minhas pétalas
Àqueles que viram os espinhos.

2. Terão toda o crescimento guardado da flor
Quem viu o quanto escolheu secar.

3. Que o perfume permaneça
Na camisa que pôde colher.

...

A mim nada sobra.
Assim como talvez
E somente talvez
Deva ser.
Pois quem sabe
As flores sejam dadas antes do túmulo
E
Toda morte seja mesmo renascimento,
E por ironia da teimosia
Seja dada à luz na mesma vida
Ante a repetir os mesmos erros
Devagarinho, com título e discurso de mudança
Na mesma coreografia:
Nunca dancei bem
E talvez por isso nunca ganhei flor.
Que fostes.



- Sempre soube ser uma Rosa azul. Mas também sempre soube que as rosas azuis não existem, são brancas tingidas, como a rainha de copas faria-

domingo, 19 de março de 2017

Metalinguagem metida na língua

Tem coisa na vida que só tem sabor se souber distanciar,
como fígado
que é gostoso sim, mas uma vez a cada dois meses.
Foi assim que por um acaso
de devolução em prateleira
peguei os dois livros na mão.
Um terminado, outro não;
ambos empoeirados e já na hora de voltarem aos olhos.

Abri-o. Marcadas como gado, as favoritas continuavam as mesmas
Sinceras até demais
riscadas à lápis a dor que eu pensei em apagar
mas ainda não.

Ousei continuar o segundo livro
E as poesias dela não hesitaram em
acabar não metaforicamente com minha cabeça
embora também tenham,
mas em embaralhar fisicamente.
Estas aqui são palavras doídas digitadas vomitadas no fim da noite
e talvez também o meu fim
porque sou exagerada
e talvez os remédios que ainda tenho pra tomar sejam o meu fim.
O meu fim
Como se fosse um filme essa confusão toda vestida de gente.

EnFim
Fui relever o começo deste escrito,
sim, este mesmo que está lendo.
E ri
Ri da desgraça que é a ironia da minha vida.
...
Minha cabeça ainda dói
dói da verdade que as palavras estão a falar
aliviadas
no vento que essa janela de carro traz.
Janela fechada, está frio e eu sei que ela não iria gostar
mas já apanhei também de janelas fechadas,
talvez seja a intenção
machucar-me
até que no final
sim, o meu fim
transforme-se de papel em imagem corrida.



quarta-feira, 15 de março de 2017

Não olhe para o céu esta noite, meu amor

A Lua cheia de dias atrás abre a luz noturna
Entre as lâmpadas alaranjadas ante o movimento destino
Eu vejo e assisto dançar as estrelas
caírem
Coreografadas na ponta da tua caneta.

Os versos pesam mais que o tempo merece
E logo amanhecerá.
Não veja o dia tomar conta
Não peça que o inverno chegue,
As vidas de verão soam curtas
Em cortes profundos.

O sopro de fogo
De garganta adoecendo
Faz de olhos fechados
A vista
À vista.
Eu sei usar crases e sei pontuar
Mas,
Às vezes
Não consigo.

Se o mundo acabasse hoje
Quais seriam as vírgulas que o céu não poderia transformar-lhe
Em pontos
Ante o seu
Final?

Anedota:
A chuva passou na cidade de açúcar
Junto das pessoas
Que se tornam de açúcar
- e talvez por isso, meu amor
Que meu sangue ameace diabetes
E os chamamentos mostrem-me ainda mais doce.


quinta-feira, 9 de março de 2017

Injúrias, amuletos e pedidos

De Socorro.
De silêncio.

A escada estava encostada à parede
Desafiando-me
Cuspindo em minha cara se tinha coragem
De ir contra os degraus ja subidos.

Perdidos
Estávamos nós
Com medo da queda.
Pedidos pra Santo António
Em suas simpatias disfarçadas de preces.
Que pressa
Que a vida acabe
E caiba
Entre os degraus da escada?

Que peça
De quebrar a cabeça
Ou o coração,
Das tantas vindas entre andares
Primeiro:
Se andares, caio.
Segundo:
Que seja feminina
Segunda-feira
Para continuar a mesma.
....
A fé ri alto
Em feriados
E corte de disciplina
Como um legume
Em facas mal afiadas.

Vamos
Gritar em meio à rua
Os silêncios que nos calam.
Vamos
Em meio a essa bagunça
Discutir o que é pecado.

sábado, 4 de março de 2017

Hipo.crisia

A vida é um circo
Vicioso.
Os palhaços riem
Das piadas que os ofende
- e as repetem
Em uníssono
Em vazios que não são ditos,
Mas escondidos no canto da sala
Redonda.

(Redoma)

Nota:
Vazios se expandem em locais pequenos e aglomerados. Poções mágicas não existem, mesmo com glitter presente. A faringite, amigdalite e pneumonia são mais importantes que sentar no chão-
Mas não só o gelado dos ventos adoece.

B²