domingo, 29 de novembro de 2015

Mês de Novento

Um redemoinho se forma
e engole branco todo o ar uma vez respirado.
As aves trocam de voz
e o corpo transpira contorcido
duetos de luz e sombras
como tenores que suam frio.

Era uma vez
em um mês caótico
o clichê batido em corte,
sangrento e não comestível.

Dentre trinta dias e trinta noites
O tempo a ser escolhido
é uma visão,
sem dimensões.
Nem a vergonha, nem o comando;
Uma distância expelida entre o controle da mente.
Entre as duas mãos
o entendimento sucumbe a direita,
e a esquerda a apodrecer.

O corpo logo iria despertar
e a lucidez sonhada tornaria-se apenas rimas.
O olhar firmou em olhos postos
e os dedos laçaram fi(n)os o breu
como a cabeça ao fundo
da própria.

Sonhou que estava dirigindo
e apertava o volante para os lados,
o carro acompanhava
e a adrenalina sucumbia.
Pouco entendia das ruas
mas,
de alguma forma
sabia como eram.

Um morcego foi atingido por um raio da tempestade.

Soava como a chuva escorrendo entre as calhas,
água que mata a sede
ainda sendo floco de neve,
erupção no mar:
mais alcoólica do que desdenha
em curvas quentes da estrada
perdida.

Sentiu a vida perante a ilusão.
Tomou o poder em um só gole
antes do freio ser puxado
no refrão ofegante.

Seu nome é Morpheu,
bandido ladrão de faces
nas utopias cravadas
entre as pe(r)nas
do travesseiro.

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