quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O pesar

Regida a sinfonia
Destemido os pés,
Cântico aos dedos
De
Todos
Os tropeços.

Há tempos as letras temem vingança
De todo passado rabiscado
Em tinta azul
No pulso
Escorrido em braços
E tronco
Trincado feito árvore.

Todas as folhas são belas
Quando caem do fruto
E dançam no céu
O balé
Das quedas
Porque toda queda
É linda
Até chegar ao chão.

Umas semanas atrás
Ninguém acreditava em escolhas;
Hoje o destino
De inverno
Não finca faca por conversa alheia.
Uns meses atrás
O futuro parecia iminente
E libidinoso
Nas vias
Que crianças sonham.
Uns anos atrás
Psicólogo algum temeria
Palavra e meia
Dos ciganos guardados em embrulho de Natal.
Umas vidas atrás
Não era o sentimento que transbordava o peito
De vinil
Mas os olhos chorados
De tanto revirar.
Uns minutos atrás
Os poetas jogavam roleta russa
E matavam-se de dizeres
Uns
Maiores
Que
Os
Outros.
Outros,
Doença prescrita
Na bula do vidrinho
Perdido na bolsa azul.
ps:
As luzes que iluminam a praça
não são de ânimo permanente.
São uma dose
de efeito passageiro.

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