domingo, 28 de janeiro de 2018

Aquilo que me desperta

Madrugada de domingo, cinco pras duas.
Acordo suada, escorrida desse verão.
Levanto.
Banheiro, remédios esquecidos, água.
Nem o piso sob meus pés descalços aliviam o corpo quente,
Que ainda quer dormir, ainda quer escrever
Ainda quer voltar o tempo.

Chega a parecer ser mal agradecido, isso se realmente não for
Porque as reclamações são vagas
E o que se têm é o que sempre quis.
É o nunca acordar de um sonho bom
É o medo de ser apenas um sonho em uma noite quente de Janeiro.
E medo volta a ser a palavra importante;
Volta a ser o estranhamento fatídico de outras madrugadas
entre as luzes da cidade
e os olhos cegos.

As madrugadas são espaços errados.
Mas no meu quarto, na minha casa
As minhas paredes azuis quase não me reconhecem
Por mais que eu as sinta reconfortantes,
a mala continua no canto do quarto
Entre o vai e vem
Entre uma casa e outra
Em várias fugas e devaneios de mim mesma.
- mas eu continuo me achando
.
.
.
E perdendo - em teus olhos
E todas as outras coisas que ficam no caminho
Entre eu ter deitado ontem, acordado agora e levantar amanhã.
Amanhã porque o dia ainda não começou
Eu não comecei
Porque o medo a gente já sabe o que faz:
Acorda de madrugada e obriga a escrever e escrever e escrever
Porque eu disse que só escrevia quando estava mal
Mas às vezes eu tenho medo e também amo
E meu coração pode apenas se desculpar pela primeira e agradecer pela segunda.

...

Que meus olhos repousem.