sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Arranhão

E iniciamos assim
Com conjunções sem nomeação
Assim como o recente fio que percorre o corpo
Tentando brilhar.

Um felino
Que não fica contente ao ver o dono com visitas
Que não fica contente com sua posição de condicional, compra.
E lentamente vai
Percorrendo os lençóis e almofadas
Para mais a frente cruzar uma pata frente a outra
Rente aos tecidos que roçam no pêlo,
Engatinha para os braços da morte
Acreditando ter mais vidas.

O peito estirado nesse chão de algodão e cetim
Com olhos amarelos que cerram seu destinatário
Sem pressa de ser carta lida.
Põe uma pata no peito e outra no ombro
Lambe a face
Pois não encontrou as mãos,
E acha possível dispensar o ronronar
Enquanto sabe a proeza dos dentes caninos.

Não tem fome de carne vermelha
Nem sangue animal,
Apenas a sede dada em boca pelo luar
Que em meia luz ilumina o recinto
Mascarando o tardar da noite
E o mistério que as cabeças queixam
Deitadas sob penas de gansos
Ou melodias antigas.
Todo salgar de lábios que produz palavras no lugar de atos
Torna-se secreto
E apenas visível para quem permite dormir em Espinhos de aço
Para sonhar em canteiros de seda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário