sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Pra não me dizer que não me falei

Não consigo parar de mentir

toda vez que perguntam o porquê deste rosto triste

e eu falo que é sono, canseira, piada velha


O fone de ouvido estalando o novo do rock

o antigo das dores

o atual dos meus tremores e traumas para todo um sempre.


Hoje eu não consegui falar

e pode ser que seja sempre assim, entalado no meu italiano

como as coitadas das sardinhas no azeite:

tenho dó, mas como.


Escondi, menti, roubei a verdade e até matei parte do que mais amava em mim

em troca do silêncio nem sei de quem

pois tantas outras vezes fui lágrimas, rios, chuva 

no travesseiro fora de casa, no banho, de baixo da bancada do corredor

regando uma nova eu.


E as flores não têm costume de falar.

mas eu teimo em escrever.