terça-feira, 16 de julho de 2019

A mim

Fica ate difícil de dormir depois de ler algumas coisas. Coisas, imaterial. Palavras do meu passado pro meu eu de agora, duas versões que demoraram a se encontrar e nunca mais irão. Somos retas que se cruzam em um só ponto com colisão direta, alfinetada firme e dura no coração.
Eu parecia saber que não seria fácil, por mais óbvio que realmente seja ou fosse. Mas consegui conforto nos únicos braços que podem me curar: os meus.


Tudo que me é negado

Eu quero ouvir e poder saber o que acontece. Entender de olhos fechados porque a chuva para exatamente aqui e agora. Porquê tem de chover.
Quero a verdade, as dores que pensam que não suporto. Quero a resposta do que o tempo faz com minha mente nas madrugadas geladas, em pensamentos tempestuosos e distantes- ou nem tanto.
Quero as juras do futuro, mesmo que não exista ou nunca chegue. Quero as certezas que não posso ter, mas preciso ter juradas entre as contas do terço de um local ao outro. Minhas distâncias.
Quero o reflexo dos olhos nos meus, aqui, presentes. Ver e saber que o mundo há de cair, mas ainda há no que acreditar. Quero poder crer, não só para sobreviver, como também para manter o sentido desse caminho. Quero meu sentido. Quero tudo que é sentido. Quero não ter sentido muito por sentir muito.

domingo, 7 de julho de 2019

Depois de tempos com os pés no chão

O tempo age de diferentes formas, mas sempre age. Como as lágrimas em dia santo, inevitavelmente o fogo cessa, até virar apenas queimadas pelo céu, um véu preto sob os olhos.
São muitas estradas e caminhos para chegar em um lugar ainda incerto, infértil. O sol nasce no Sul e se põe no Norte de uma rodovia em reforma. Os pés cansam de andar, rastejar e se arrastarem no asfalto. As pedras estão marcadas na sola, nelas não há água que regue flor alguma. A rosa sozinha em frente à cama que não me pertence fita meus espinhos e repele minha pele no áspero dos lençóis. Essas gotas de orvalho tendem a me queimar, esgotando o frio em meus pés: cada vértice e versículo verde em mim.
Não os cubra com falsas verdades, mesmo que reflexos de expectativas- trincadas no espelho.Não existe corte de vidro no teu olho, eu quem deveria colocar os óculos, chorar o que os pulsos não têm permissão de rasgar- e rasgar.
Tuas palavras me doem sem disfarces de metáforas e sem medidas.
Nada aflige mais que as mãos tentando alcançar o que já perderam.