segunda-feira, 24 de abril de 2017

Sintomas de vertigem

Rasteja entre os fios
E frios
De uma pele descoberta
Por quem vem.
Os olhos se fecham
Ora inconscientes, ora não
Oração
Para qualquer deus ou santo ou orixá ou energia que aceite
Uma súplica
Maior que as palavras tentam caber.

Transborda
Da boca, das mãos
Das manhãs acordadas de noites adormecidas de entorpecentes:
Encontra-se depois de perdido
De pedido ao pecado
Em si mesmo
Por outro(ra) reflexo.

Um mar branco
Afogado nas próprias palavras de desejo
Riscado nos versos inscritos na pele que ninguém mais vê,
Águas de batismo
E brinde.
Corpo possesso,
Iniciação em ritual
Que não tem mais volta
Em voltas e voltas
Até esse círculo significar algo
Que a dor e mente não ousem citar.

Mãos se dão
E são.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Intern(a.ção) em dias de alta

A.Os que passam
E amassam minha roupa passada
O passado
De um futuro em pretérito.
Tempo fechado, confuso:
Cara de chuva
Corpo de sol.

Tempestade fácil de vir
Nos redemoinhos de anéis
Em que os dedos
Estrelam.

Os furacões levam nomes
Embora.
Embora assim seja
Este nome não tem pronúncia
Pois suas letras foram levadas
De vento e frio
Lavadas em mansidão que impede natureza ser tragédia.

terça-feira, 11 de abril de 2017

Clame por um adjetivo

Muito murmúrio monta mu(r)ros.

A quietude da fala
De uma mente pura ao ouvir alheio
É a voz necessária:
A voz de um eu lírico rouco
Por ter muito gritado silêncios.

Ante aos antes e depois
Porém, quanto ao durante
Quanto antes possível.
A noite cai
E derruba todos da terra ao céu.

Palavras milimetricamente conduzidas
Para não serem arma na mão de outros
Ou, pior
Arma dada
E posta à boca
Por si próprio.
Nem toda arma mata de gatilho.
...
Que um dia
No depois mencionado
Possa ser noite durante o dia
Sem que a luz da Lua cege.

Um corpo que dói da luta
Cravada na pele
Menos doce que tatuagem
Nem tão cortante como cicatriz:
Digital
Que dispensa escrita ou assinatura,
Texto que só as paredes ouviram
Declamar
Como se poesia bebesse deste co(r)po.

E quem sabe até, talvez.