quinta-feira, 26 de outubro de 2017

As asas do baralho

Segura minha mão
Que meu corpo leve
Tende a flutuar.
Se a gravidade não for suficiente
Ou se a ciência sempre esteve errada
E pudermos voar,
Há de ser assim
Na lentidão de um abraço
E devastação de um beijo.
...
Meu peito se arrebenta
E cada veia do coração se desata
De todas as cordas que já me prenderam.

Suspiro
Invocação de tudo que é
Antes mesmo que fosse
E até depois de acordar
E redescobrir todo dia os pés fora do chão.

Meus dedos buscam a eternidade dos ventos
Enquanto os olhos descansam sobre o ombro.
Dedos que estalam
Estrelam
E se entrelaçam,
Rabiscos, rascunhos e arranhões de uma história longa
Digna de boca que não fecha
Entre sorrisos
E sustos bons.

domingo, 22 de outubro de 2017

Caramelo: A pequena flor azul de açúcar

E vai ficando difícil de se escrever
Pensando nas morfologias do pretérito que já tanto rendeu poesia,
Já que agora o peito se recolhe feliz em silêncios
E olhos fechados que somente em beijo transcrevem
Como quem risca a própria pele
A vastidão de um sentimento bom.

E por muitas vezes há necessidade de analisar se é um sonho, uma pegadinha de mim mesma
Uma idealização ja feita que acarretará em choro ao acordar
Em sorriso calado de querer ser verdade,
Pois
O que realmente é...
Transcende a imaginação
Pois nenhuma ficção ou poesia é mais pura que a realidade.

É quase um tapa na cara levemente solicitado
Quando a Lua é cheia todas as noites
E os olhares também.
Minhas mãos brincam dadas e investigadas
Pelas que seguram meu rosto
Ante a briga contra o relógio
Mesmo com o tempo não ser o mesmo.

Desnorteada
Sem saber usar uma bússola
Sem temer o doce dos lábios
E o infinito do agora.
Minhas palavras perdidas não sabem o que são
Mas sabem
E sabem
Que não poderia ser melhor.


sexta-feira, 6 de outubro de 2017

O desenrolar do fio vermelho

Meu coração tem pressa.
Por vezes, o relógio também tem pressa
Mas eu não.

É engraçado como a vida tem suas voltas
E nos rodopia em dança.
Girei
Girei
Gritei e girei
E girei
e
G
       I
           R   
          E         
       I   
.
.
.
E cai.
Cai de volta aos braços e fechei os olhos
E sorri.

O corpo que se recosta aliviado das dores e do mundo
Que se esquece dos problemas e datas e prazos
Tão iluminado pela Lua cheia
Ou raios no céu,
Tão tempo como é
Como presente surpresa.

Todos choramos.
As lágrimas invadem o rosto que as mãos são postas com ternura
mesmo em sonhos bons
Porque nem nos sonhos bons
Nem no melhor deles a vida acontece.
...
E vou lhe contar um segredo:
Ela acontece.