Aonde morrem as ideias que nascem na madrugada
e partem
a mim
ao nascer do Sol?
No fundo do meu peito habita um ultimo suspiro
Dado com fôlego de queda
Que queixa todas as marcas que o corpo traz.
.
Mãos manchadas carregam o inicio de uma pele que se torna vazia
assim como por dentro não há o que se achar
Se Nao entrar.
Eu não vejo a Lua há dias
Talvez porque ela esteja desaparecendo de mim
Ou crescendo e me rompendo
.
B²
segunda-feira, 3 de dezembro de 2018
Paranóias
quinta-feira, 13 de setembro de 2018
Caramelo Salgado
Ardentes em chama
Me chama !
Me clama !
Me d e r r a m a
Em solo sagrado
.
Nenhuma das vozes se cala em outro momento senao esse
Mas preciso saber onde é que me encaixo
Além do teu corpo
( Em coro no meu ) silêncio.
.
Anos luz
Em tempo
e espaço
Porque não deixam de ser um só,
Mas nós sim.
Somos sono e sinos
Sonhos e sozinhos
Sombras pra além do ninho
que já se despedaçou.
.
O açúcar queimado
Na minha pele
Trinca e me desarma
porque às vezes sou formiga
a matar a pequena rosa azul
domingo, 29 de julho de 2018
O eclipse e todos os estados da Lua até agora
Noite passada escrevi vários versinhos
De como o luar me transforma
Mas os perdi tão rápido quanto foi o eclipse.
Fiquei triste, a beleza não durou muito
mas isso acontece sempre.
A lua se encheu, sumiu e retornou
E antes disso muitas vezes ela sumiu
E eu chorei.
Chorei porque as vezes é tudo que sei fazer
É o que meu coração pede e não deixa guardar
Pois quando a gente é céu, as vezes chove
e a chuva, mesmo sendo cinzas faz bem.
Só a Lua sabe e lembra das minhas palavras perdidas
As belas de ontem e as lástimas de outros domingos
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B²
quinta-feira, 14 de junho de 2018
Turquesa
Ágil, como dentro de mim
A inundar-me
Em tons azuis e cristalinos.
A correnteza, certeza de ser ilha
Abraçada pelo mar
- como se não houvesse sal em si -
Corpo que flutua
Mergulha e se dissolve
até que não haja distâncias
E seja um só.
Não há vento que seque um corpo
Que pertence a mar.
B²
sexta-feira, 4 de maio de 2018
Premonição
O último fôlego antes de cair
No sono
Em si
É o que afoga.
As cordas mal atadas que me prendem e defendem do chão sufocam
Deslocam os ossos na lentidão que esse coração já não mais conhece,
Já não mais controla batida por batida por batida
Ate tanto se bater e sair ferido.
São essas unhas que arranham as paredes e sangram
Vingando todos os nomes já culpados por tudo, ate que fossem o dono dos versos.
Nenhum espelho há de sobreviver.
...
B²
segunda-feira, 9 de abril de 2018
Toda faísca de luz
Riscam-me a pele com doçura
Em traços ternos, eternos;
Meros fios a conectar-me
Em mim mesma.
Muito uso de pronomes pessoais oblíquos,
Muitas idas ao espelho com diferentes vistas
Revistas nesse vidro embaçado
Enlaçado no pescoço.
Que não seja nó
Mas nós:
Eu e você, minha memória amada.
O azul escorre mas ainda mancha a rosa, E na ponta dos dedos
Invoca a permanência
dos tons do céu no tempo exato.
B²
terça-feira, 27 de março de 2018
Plenitude
O que me chateia
é não poder agora pintar todas as cores que me preenchem.
O céu esboça uma luz que volta a iluminar
A crescer a Lua
até ser cheia.
E eu também serei, de mim.
Sei que sim.
...
A flor azul ainda irá perder os espinhos.
B²
terça-feira, 20 de março de 2018
Uma pausa nos versos
Hoje, uma terça-feira que não prometia nada me trouxe um momento muito singular, dentre tantas mesmice revistas e revisitadas. Mais um aluno de apenas uma aula, um que nunca tinha visto mas ele já a mim.
Só nove aninhos dei a aula tranquila e levemente a ele, que com muita facilidade entendia e fazia os exercícios. Acabamos e tinha mais um tempo, ele não quis ir brincar mas ficar conversando comigo. Os alunos geralmente se interessam bastante pelos professores e gostam de saber mais sobre suas vidas e contar sobre a própria. Ele abriu o salgadinho de requeijão e me ofereceu, era realmente uma graça de menino. Aceitei um pouco, ja que me ofereceu várias vezes e chegamos ao assunto que me trouxe aqui: o circo.
Esse lugar que por bom tempo me trouxe muita alegria e momentos felizes e hoje é uma memória Alegre que anseia ser tida novamente. Cada vez mais o circo me traz novos significados e, hoje, mais um. O circo está novamente na cidade depois de quase dez anos. Circo, por assim dizer, mas em um formato diferente que não me agrada muito, mesmo a tratando de comédia e teatro, o modelo stand-up não combina comigo. O menino, como a maioria das crianças gosta de circo e de palhaços e falávamos do preço da entrada e como é difícil a profissão.
Ele pontuou não só como é algo difícil por decorar tantas coisas como também estar sempre viajando, pouco tempo em cada cidade e, finalmente conto, que é triste eles não poderem ver as mães e pais. Eu fiquei pasma, mesmo sendo normal de uma criança a pureza e afeto pelos pais, tal ponto me tocou a chegar na necessidade de escrever e reatar com a prosa.
Ainda hoje outro aluno que não é meu aluno oficial, por assim dizer, me agradou com comida, balas. E o dia se acabou sem fita no cabelo longo ou cachorro quente; mas com um sorriso de canto ao pensar, agora ironicamente na estrada, nos percursos que tomamos e os regressos necessários para casa, para nossa própria cama.
B²
domingo, 4 de março de 2018
Relógio de pul(s)o
aqueles que antecedem um fragmento de felicidade e ar puro
Distante e diferente de um agora
de um sufoco do peito aos céus.
O espaço é uma briga entre motivos
sem razão para serem.
A grade me lembra que não podemos pular ao a.mar
nem à morte
E sim aguardar, quem sabe
um acordo bem sucedido entre ambas as partes
Entre o tempo E o meu coração.
Que as minhas dores não sejam mais regadas por estes olhos já cansados
Ja treinados a escorrer e dissolver uma paciência que nunca existiu
e borrar uma luz que jamais esteve acesa.
...
A vida é um prédio alto
Cujos andares só aumentam
e só se quer descer.
Mergulho profundo neste mar
Num azul junto ao céu
que me colore.
As águas vão me levar pra longe de tudo algum dia
E o mar Bravo, enquanto isso, me cobra a ida
se zangando com a demora da partida.
Já houve mais açúcar do que sal neste corpo
Que agora é mais copo do que corpo
Mais caco do que vidro
E espera do que chegada.
B²
domingo, 25 de fevereiro de 2018
A pequena rosa
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018
Entre crises e carnavais
Estrofes
Quando há tanto a se dizer?
Quando as costas estão cansadas
de repetidas histórias e goles e costumes
?
O espelho responde somente a mim e sou eu aquela quem diz o que vê
E ele já está trincando
Voltando ao que já foi
E sempre foi
Estilhaços entrando na pele.
E que entrem e cortem
Porque o sangue ja está todo no chão há algum tempo
Porque as diretrizes não são as mesmas
E assim estancam o vermelho quente,
Desde que não cortem a voz
Rouca.
Gritos
Desde que arrranhem a garganta
E não mais as paredes.
Desde que a saturação acabe
Ou me acabe.
...
Aqui no meu canto eu me acho
Cato os pedacinhos no chão sem o barulho la de fora,
Sem o tanto que discordo
E tento remar contra.
Dou um jeito
Do meu jeito.
B²
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018
Retorno e ida
Hoje, a primeira das últimas.
Ambas estranhas, ríspidas dentro de um corpo cansado e desacostumado
com tanta mudança.
E me flagrei boba olhando a janela
Esperando encontrá-lo.
Demora um pouco para acostumar
com as pernas saídas do mar
E olhos agora abertos.
Abraços que faltam e outros que fizeram falta nos meus braços riscados
De rascunhos das minhas vidas e também mortes passadas.
Os dedos procuram lar vagarosos entre o teclado
Digitando pensamentos vazios de saudade
Até adormecerem...
e os sonhos serem cruéis com a realidade que apenas nós lembramos.
É uma semana estranha
Mas eu sempre fui estranha.
B²
domingo, 28 de janeiro de 2018
Aquilo que me desperta
Acordo suada, escorrida desse verão.
Levanto.
Banheiro, remédios esquecidos, água.
Nem o piso sob meus pés descalços aliviam o corpo quente,
Que ainda quer dormir, ainda quer escrever
Ainda quer voltar o tempo.
Chega a parecer ser mal agradecido, isso se realmente não for
Porque as reclamações são vagas
E o que se têm é o que sempre quis.
É o nunca acordar de um sonho bom
É o medo de ser apenas um sonho em uma noite quente de Janeiro.
E medo volta a ser a palavra importante;
Volta a ser o estranhamento fatídico de outras madrugadas
entre as luzes da cidade
e os olhos cegos.
As madrugadas são espaços errados.
Mas no meu quarto, na minha casa
As minhas paredes azuis quase não me reconhecem
Por mais que eu as sinta reconfortantes,
a mala continua no canto do quarto
Entre o vai e vem
Entre uma casa e outra
Em várias fugas e devaneios de mim mesma.
- mas eu continuo me achando
.
.
.
E perdendo - em teus olhos
E todas as outras coisas que ficam no caminho
Entre eu ter deitado ontem, acordado agora e levantar amanhã.
Amanhã porque o dia ainda não começou
Eu não comecei
Porque o medo a gente já sabe o que faz:
Acorda de madrugada e obriga a escrever e escrever e escrever
Porque eu disse que só escrevia quando estava mal
Mas às vezes eu tenho medo e também amo
E meu coração pode apenas se desculpar pela primeira e agradecer pela segunda.
...
Que meus olhos repousem.
B²