segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Paranóias

Aonde morrem as ideias que nascem na madrugada
e partem
a mim
ao nascer do Sol?
No fundo do meu peito habita um ultimo suspiro
Dado com fôlego de queda
Que queixa todas as marcas que o corpo traz.
.
Mãos manchadas carregam o inicio de uma pele que se torna vazia
assim como por dentro não há o que se achar
Se Nao entrar.
Eu não vejo a Lua há dias
Talvez porque ela esteja desaparecendo de mim
Ou crescendo e me rompendo
.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Caramelo Salgado

Grudado no ceu da minha boca suas palavras me afagam
Ardentes em chama
Me chama !
Me clama !
Me d e r r a m a
Em solo sagrado
.
Nenhuma das vozes se cala em outro momento senao esse
Mas preciso saber onde é que me encaixo
Além do teu corpo
( Em coro no meu ) silêncio.
.
Anos luz
Em tempo
e espaço
Porque não deixam de ser um só,
Mas nós sim.
Somos sono e sinos
Sonhos e sozinhos
Sombras pra além do ninho
que já se despedaçou.
.
O açúcar queimado
Na minha pele
Trinca e me desarma
porque às vezes sou formiga
a matar a pequena rosa azul
porque é preciso acabar o poema
antes que ele acabe comig

domingo, 29 de julho de 2018

O eclipse e todos os estados da Lua até agora

Noite passada escrevi vários versinhos
De como o luar me transforma
Mas os perdi tão rápido quanto foi o eclipse.
Fiquei triste, a beleza não durou muito
mas isso acontece sempre.

A lua se encheu, sumiu e retornou
E antes disso muitas vezes ela sumiu
E eu chorei.
Chorei porque as vezes é tudo que sei fazer
É o que meu coração pede e não deixa guardar
Pois quando a gente é céu, as vezes chove
e a chuva, mesmo sendo cinzas faz bem.

Só a Lua sabe e lembra das minhas palavras perdidas
As belas de ontem e as lástimas de outros domingos
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quinta-feira, 14 de junho de 2018

Turquesa

Ouço o som da água
Ágil, como dentro de mim
A inundar-me
Em tons azuis e cristalinos.
A correnteza, certeza de ser ilha
Abraçada pelo mar
- como se não houvesse sal em si -

Corpo que flutua
Mergulha e se dissolve
até que não haja distâncias
E seja um só.

Não há vento que seque um corpo
Que pertence a mar.

B²

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Premonição

O último fôlego antes de cair
No sono
Em si
É o que afoga.

As cordas mal atadas que me prendem e defendem do chão sufocam
Deslocam os ossos na lentidão que esse coração já não mais conhece,
Já não mais controla batida por batida por batida
Ate tanto se bater e sair ferido.

São essas unhas que arranham as paredes e sangram
Vingando todos os nomes já culpados por tudo, ate que fossem o dono dos versos.

Nenhum espelho há de sobreviver.
...

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Toda faísca de luz

Como as formigas que tantos transitaram meus braços, alguns grãos de memória permanecem-me leve.
Riscam-me a pele com doçura
Em traços ternos, eternos;
Meros fios a conectar-me
Em mim mesma.

Muito uso de pronomes pessoais oblíquos,
Muitas idas ao espelho com diferentes vistas
Revistas nesse vidro embaçado
Enlaçado no pescoço.
Que não seja nó
Mas nós:
Eu e você, minha memória amada.

O azul escorre mas ainda mancha a rosa, E na ponta dos dedos
Invoca a permanência
dos tons do céu no tempo exato.

terça-feira, 27 de março de 2018

Plenitude

O que me chateia
é não poder agora pintar todas as cores que me preenchem.
O céu esboça uma luz que volta a iluminar
A crescer a Lua
até ser cheia.
E eu também serei, de mim.
Sei que sim.
...
A flor azul ainda irá perder os espinhos.


terça-feira, 20 de março de 2018

Uma pausa nos versos

Hoje, uma terça-feira que não prometia nada me trouxe um momento muito singular, dentre tantas mesmice revistas e revisitadas. Mais um aluno de apenas uma aula, um que nunca tinha visto mas ele já a mim.
Só nove aninhos dei a aula tranquila e levemente a ele, que com muita facilidade entendia e fazia os exercícios. Acabamos e tinha mais um tempo, ele não quis ir brincar mas ficar conversando comigo. Os alunos geralmente se interessam bastante pelos professores e gostam de saber mais sobre suas vidas e contar sobre a própria. Ele abriu o salgadinho de requeijão e me ofereceu, era realmente uma graça de menino. Aceitei um pouco, ja que me ofereceu várias vezes e chegamos ao assunto que me trouxe aqui: o circo.
Esse lugar que por bom tempo me trouxe muita alegria e momentos felizes e hoje é uma memória Alegre que anseia ser tida novamente. Cada vez mais o circo me traz novos significados e, hoje, mais um. O circo está novamente na cidade depois de quase dez anos. Circo, por assim dizer, mas em um formato diferente que não me agrada muito, mesmo a tratando de comédia e teatro, o modelo stand-up não combina comigo. O menino, como a maioria das crianças gosta de circo e de palhaços e falávamos do preço da entrada e como é difícil a profissão.
Ele pontuou não só como é algo difícil por decorar tantas coisas como também estar sempre viajando, pouco tempo em cada cidade e, finalmente conto, que é triste eles não poderem ver as mães e pais. Eu fiquei pasma, mesmo sendo normal de uma criança a pureza e afeto pelos pais, tal ponto me tocou a chegar na necessidade de escrever e reatar com a prosa.
Ainda hoje outro aluno que não é meu aluno oficial, por assim dizer, me agradou com comida, balas. E o dia se acabou sem fita no cabelo longo ou cachorro quente; mas com um sorriso de canto ao pensar, agora ironicamente na estrada, nos percursos que tomamos e os regressos necessários para casa, para nossa própria cama.

domingo, 4 de março de 2018

Relógio de pul(s)o

Geralmente os minutos contados são os mais sufocantes,
aqueles que antecedem um fragmento de felicidade e ar puro
Distante e diferente de um agora
de um sufoco do peito aos céus.

O espaço é uma briga entre motivos
sem razão para serem.
A grade me lembra que não podemos pular ao a.mar
nem à morte
E sim aguardar, quem sabe
um acordo bem sucedido entre ambas as partes
Entre o tempo E o meu coração.

Que as minhas dores não sejam mais regadas por estes olhos já cansados
Ja treinados a escorrer e dissolver uma paciência que nunca existiu
e borrar uma luz que jamais esteve acesa.

...

A vida é um prédio alto
Cujos andares só aumentam
e só se quer descer.

Mergulho profundo neste mar
Num azul junto ao céu
que me colore.
As águas vão me levar pra longe de tudo algum dia
E o mar Bravo, enquanto isso, me cobra a ida
se zangando com a demora da partida.
Já houve mais açúcar do que sal neste corpo
Que agora é mais copo do que corpo
Mais caco do que vidro
E espera do que chegada.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

A pequena rosa

Não há tantas outras palavras que possam ser usadas sem que as abelhas as roubem,
mas as pétalas, o perfume e os beijos permanecem ante minhas mãos 
Até que os dedos acabem mais uma vez a contagem e seja dia sem espinhos.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Entre crises e carnavais

Por onde começam as linhas,
Estrofes
Quando há tanto a se dizer?
Quando as costas estão cansadas
de repetidas histórias e goles e costumes
?

O espelho responde somente a mim e sou eu aquela quem diz o que vê
E ele já está trincando
Voltando ao que já foi
E sempre foi
Estilhaços entrando na pele.

E que entrem e cortem
Porque o sangue ja está todo no chão há algum tempo
Porque as diretrizes não são as mesmas
E assim estancam o vermelho quente,
Desde que não cortem a voz
Rouca.

Gritos
Desde que arrranhem a garganta
E não mais as paredes.
Desde que a saturação acabe
Ou me acabe.

...

Aqui no meu canto eu me acho
Cato os pedacinhos no chão sem o barulho la de fora,
Sem o tanto que discordo
E tento remar contra.
Dou um jeito
Do meu jeito.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Retorno e ida

Ontem, a primeira das primeiras noites
Hoje, a primeira das últimas.
Ambas estranhas, ríspidas dentro de um corpo cansado e desacostumado
com tanta mudança.

E me flagrei boba olhando a janela
Esperando encontrá-lo.
Demora um pouco para acostumar
com as pernas saídas do mar
E olhos agora abertos.

Abraços que faltam e outros que fizeram falta nos meus braços riscados
De rascunhos das minhas vidas e também mortes passadas.
Os dedos procuram lar vagarosos entre o teclado
Digitando pensamentos vazios de saudade
Até adormecerem...
e os sonhos serem cruéis com a realidade que apenas nós lembramos.

É uma semana estranha
Mas eu sempre fui estranha.

domingo, 28 de janeiro de 2018

Aquilo que me desperta

Madrugada de domingo, cinco pras duas.
Acordo suada, escorrida desse verão.
Levanto.
Banheiro, remédios esquecidos, água.
Nem o piso sob meus pés descalços aliviam o corpo quente,
Que ainda quer dormir, ainda quer escrever
Ainda quer voltar o tempo.

Chega a parecer ser mal agradecido, isso se realmente não for
Porque as reclamações são vagas
E o que se têm é o que sempre quis.
É o nunca acordar de um sonho bom
É o medo de ser apenas um sonho em uma noite quente de Janeiro.
E medo volta a ser a palavra importante;
Volta a ser o estranhamento fatídico de outras madrugadas
entre as luzes da cidade
e os olhos cegos.

As madrugadas são espaços errados.
Mas no meu quarto, na minha casa
As minhas paredes azuis quase não me reconhecem
Por mais que eu as sinta reconfortantes,
a mala continua no canto do quarto
Entre o vai e vem
Entre uma casa e outra
Em várias fugas e devaneios de mim mesma.
- mas eu continuo me achando
.
.
.
E perdendo - em teus olhos
E todas as outras coisas que ficam no caminho
Entre eu ter deitado ontem, acordado agora e levantar amanhã.
Amanhã porque o dia ainda não começou
Eu não comecei
Porque o medo a gente já sabe o que faz:
Acorda de madrugada e obriga a escrever e escrever e escrever
Porque eu disse que só escrevia quando estava mal
Mas às vezes eu tenho medo e também amo
E meu coração pode apenas se desculpar pela primeira e agradecer pela segunda.

...

Que meus olhos repousem.