domingo, 30 de agosto de 2015

Afaga ou afoga

Era uma vez
Uma garota que chorou tanto
que inundou-se;
águas salgadas:
Tornou-se um oceano
puramente pacífica.
No mais belo dos dias,
ela avistou um homem
mas ele tinha medo do mar
e ela de amar.

sábado, 29 de agosto de 2015

Para um mês conturbado

Longo, interminável.
Os trinta e um dias deste mês parecem mais de ano
décadas de cansaço:
reticências.

Há muitos anos eu me conservava
não brincava na rua,
tão pouco machucava-me,
mas, em um só mês ralei o joelho
duas
vezes.
Então, Agosto,
tenho um recado para você:

Não sei o que planeja
- pois ainda não acabou! -
já que vem a me provocar
e não da forma que gosto.
Mas, oitavo mês,
ao mesmo tempo que se atreve a trazer insatisfação,
você é bom no que faz
transformando assim,
pelo contraste
os pequenos momentos bons entre o ruins
em dias e noites inesquecíveis.

Desculpe-me a intimidade,
mas realmente achei que poderia lhe falar assim
porque
parece que nos conhecemos há séculos!



sexta-feira, 28 de agosto de 2015

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Quarta feia

Insatisfação que move
o cobertor dos pés à cabeça.
Sufoca...
Porque o teto é alto
e a tristeza vem
quando ninguém olha para cima.

Será que nem a ficção há de ser gentil?

Falamos de ambição
ganância, individualismo e corrupção.
Realidade crua
- e sem tempero -
mas mutável
A política aperta
n'uma sala cheia de informação
e desdém.

Os pecados capitais são vistos mais belos
do que as virtudes em si
E isso me entristece profundamente
até uma lágrima
pegar um futuro
camuflado de planta.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A Lua sorri

Eu juro
que no estado
físico
psíquico
que me encontraram
não sou capaz de compor.

A melhor noite de todas
surrealista e multicolorida
em círculo de companhia que não poderia ser melhor.

Antecessor do que viria, o sonho
em um estalo compreendeu o  que o real não fornece
porque há fogo demais para se pegar todas as folhas
e eu sou uma flor, não árvore.

Se a vida fosse um filme
ou um sonho bom
- como o do qual acordei -
seríamos infinitos, eu juro.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Fraquezas de um só coração

Se a vida não fosse uma condicional
e minhas reações com suspiros não fossem precipitadas,
quem dera um dia a noite nascesse.

Muitas das vezes prorrogo os dizeres, moldo palavras e barro
Em tédio e ócio purificado
regado em desgosto por exceções;
eu vos digo em primeira pessoa
que a armadilha me pegou
-novamente-
não falarei que minhas mãos estão atadas porque,
bem, meu bem,
meu querido,
não desejo prorrogar confissões;
mas minha cabeça pesa
e eu não bebi ainda...
só a esperança do fundo da garrafa azul.

Um par de sobrancelhas levantando-se duas vezes
os olhos crescem e roubam
toda e qualquer atenção
que os finos lábios mereciam.
Não consigo lê-los.
Fios da vida e auroras da pupila.
As listras na transversal desdenham-me
pois cruzam-se!
Oras,
se as retas, hora ou outra,
aproximam-se
desejo eu ser um traço perdido não paralelo ou matemático
para contornar os fios que me regem.

Marcas de dicionário

Eu queria escrever algo bonitinho, rimado pra referência
mas a coragem ainda falta,
e continuo jogada na cama.

Das escritas que conheço,
palavras com pernas e braços, vozes e rostos
percebo o quão bom o ano tem sido.
Ainda não é Natal - mas quem sabe você agora, leitor, esteja no Natal
em Natal;
mas já é época de tarde
de falar das belezas do ano.

Ando muito nostálgica, com saudade da facilidade
ou da época que nem em sonhos precisava tanto escrever :
escrever e não recitar.

Voltando ao assunto, estilos diferentes
leituras anônimas e músicas boas que fazem mal.
Vejo cada verso como um tijolo
criando uma muralha firme, colorida
e excessivamente alta:
tudo que se pode ver e é permitido - por mim- a ver
são palavras.
As palavras amigas, conhecidas
tocam mais que as mortas em livros
pois as vemos
de longe ou não,
sentimos o perfume ou não -
porque não importa.

....

A vida se prova que a poesia é palpável
não é  lenda
ou história pra dormir.
Os traços da pena
voam da pele
e esmaecem...

Sinto que infelizmente
tenho tornado tudo mais macio
e fácil de análise.
Culpa minha
de tomar nos olhos e tornar-me mais feliz
e, feliz não saber mais escrever.
Mas o problema não é estar feliz,
pois a felicidade gera bobas cartas de amor
no entanto, minhas promessas tem se tornado fortes;
não gere o poema
até que ele peça
com educação
com vontade
com ardor
com virtude
para nascer.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Acordes afinados e afiados

Fuligem
Atrito na estrada tortuosa com os pés trincados
Um caminho que deve ser feito
para que a noite tenha fim
e a madrugada floresça.

Tudo que é minimalista debaixo das unhas
tem mais brilho que sujeira ou a imundice dos interesses.
Desenhado com ou sem agulha nas dobras dos dedos
nas cicatrizes
nos estalos
nos espamos
nos laços
e na escrita.

Passageiros ao lado da janela
outros ao lado do espelho
da espera e satisfação de asfalto ruim
quando o carro passa pelo buraco despercebido
salta
e cai afogado em ar.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Manual

A vida com um sorriso no rosto
sem caligrafia ou falsos pensamentos.
Purificação!
Sem chamadas de trevas e dores apelativas,
de quem se faz de infeliz para alterar o redor.

Risos verdadeiros e sinceros;
caminhos listrados para o desconhecido,
ao imaculado da espiritualidade.

Um rosto vindo sem tempo ou data,
uma voz aveludada ao progredir entre os passos
Sons de pés silenciosos
Correntes de parceria
e uma situação inusitada,
dentre todas da nova era,
em transe.

Os olhos pesam,
pois o corpo tenta se livrar da mente translúcida.
Se a caneta permitir
a tinta não manchará
mas marcará a pele, mais rígida que sangue
as doses de pensamento
aderidos em espuma e olhares nunca mais vazios.

E vibra
sem bordar nos castelos
as construções transcritas
de tantas palavras que vem sem se ler.

Vida de criança, leveza
Tormenta de falas vomitadas
sem temor.

Tiramos os óculos escuros
como a noite intensa
e cabelos e olhos de ortônimo.
O coração trai o amador
que não sabe amar, mas,
no decorrente, correnteza,
aprendeu a essência,
sem nome:
descaradamente rimado
como contentamento.

A precipitação, terra de pecado,
em luta não varrida
em prosa sem ferramenta de claridade
sem situação ou concordância;
quem dera explicação plausível...
Infinito
de pouco espaço.

domingo, 16 de agosto de 2015

Pecados no palco

Uma mentirinha ao dizer que não há palavras sobre tal momento.
Há sim, muitas!

A situação em si foi tão desconcertante
que desconcerto aqui
a promessa uma vez que fiz
de parar a prosa.

Aqui, agora, está tudo silencioso. Lá, instantes antes de começar, podia se ouvir as vozes ao tocar a cortina fechada com a cabeça. O cheiro abusivo de neblina é para se dançar, e, quando se for, deitar no chão e observar a luz...Luz que esquenta minhas mãos e beija meu rosto.
Pois bem, as asas cansam os pés.A música começa e inevitavelmente é visto centenas de rostos, virados a nós, comentados por voz que faz chorar. As lágrimas se iniciaram antes mesmo do primeiro sinal mas, lá, na abertura foi o ápice. Rosto escorrido de medo, inconstância e infelicidade do personagem dado, costurado às costas. Eu revivi a ansiedade, as descidas infinitas pelas escadas, o desespero contra o tempo, a finitude e o contato com pessoas que amo.
Quando fecharam meus olhos, cega senti os olhares apavorados voltados a mim. Projetei cada assento do teatro e gritei para as cadeiras vermelhas vazias, preenchidas por pessoas que eu nunca chegue a conhecer; para que ouvissem e acordassem seu interior.
Não foi feito um espetáculo, ou danças ou teatro. Eu sei que ali foi feito poesia, e é isto que toda alma deveria, ao menos uma vez, vivenciar.
A quem viu, agradecimento e gratidão.A quem não viu... o mistério e possibilidade de deixá-los imaginar como foi, pois nenhuma câmera há de capturar em ponto de vista ou plano aberto todas as virtudes e pecados ali admitidos. Ainda que as palavras me façam acreditar que a ausência só é permitida porque assim seria melhor, quem sabe a curiosidade desperte quem dorme.
Haviam tantos detalhes a serem descritos, tantos abraços escorridos de choro e corações pulsantes, tantos nomes e sons, tantas vidas e intrigas que o sono guardou em meus olhos inchados e colocou-me a dormir.  O que não foi contado, por atrevimento ou esquecimento, foi transportado a sonho, sonho que preenche papéis e pétalas de rosas - infelizmente, não azuis.
Não o ultimo, mas a volta do filho à casa.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Torna-se hoje

Eu queria, de verdade
não começar a escrever com meu nome no início
mas não me contenho.
Porque eu - novamente -
queria duas batidas na porta e
uma rosa azul.

Por mais maçante que soe
e realmente seja
há tempos não dançava ao som de voz aveludada
mesmo em dias de caos
e pureza reduzida a potes de vidro sujos.

Algumas horas para reencontrar o amor verdadeiro.
Tão lindo, tão puro, tão vazio.
A ansiedade para gritar a ninguém
e o medo do que virá a acontecer
quando as portas se fecharem
as luzes se apagarem
e a imensidão e crueldade da noite
engolir em uma só bocada o meu voo.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Nunca é tarde para rimar

Para o meu desespero
fui enclausurada pelos poemas.
Eles disseram
''Nunca mais vais escrever em prosa''
e, eu, contaminada pela gramatica adequada, aceitei.

Mas eram novos tempos aqueles que ventavam
e adoeciam a alma de um artista que apenas queria ser visto
e lido antes de dormir.

Eu tinha sono
mas a madrugada fria me balança em seu colo.

...

Passou três dias sem comer
apenas água e Sol,
desmaiou na véspera do casamento
e fugiu com os braços do chão
que seguraram seu corpo na queda.

Uma vida na estrada, sem figurinos
nas demandas do verão e tristezas do inverno
na espera das palavras de acolhimento
ou da enfim liberdade
para bater as asas
e vo(lt)ar


terça-feira, 11 de agosto de 2015

Salva de graças

Já se foi o tempo em que era preciso mentir
hoje q verdade destoa e reluz,
tanto com os cabelos presos
ou soltos.

As máscaras cujo fim era o da interação só distanciaram mais da meta,
mas a espontaneidade
em local certo, subiu os degraus
sem asas
ou pena de norte.

Os olhos gritam melodias suaves
toda vez que é roubado o riso
e o choro ban(d)ido.

Uma estória de pinóquio tornada sangrenta
com carne e unha,
fome e prazer.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O som das teclas no estômago

Nomes vazios
e infrações.

Freio de mão e ajustes às rodas.
Piadas infames, doutrinas destinadas em outras mesas de cirurgias
Belas e desafinadas.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

As folhas que caem e as flores que inundam

Eu tenho frio.
Diante das frases impostas a vir,
esqueci do quanto amava a estrada.
As músicas no ouvido e o silêncio escuro das poltronas.

...

A pouca paisagem volta ao concreto
cimento
asfalto
a melancolia vestida de volta,
de esquecimento sobre o que brilha muito
e não é.

Torpor e brisas geladas nos braços,
vulgaridade nas escadas...
Toda a vida desolada em cores mais vibrantes
que agradam os olhos
e congelam a pele.

Eu sei que o inverno não acabou
pois a neve cai durante todo o ano.

Maldito seja aqueles que querem que o tempo passe rapido
e,
que queimem no frio os que tornam isto real.

Pois é, não se pode fugir
ou fingir que não nevará nos dias seguintes,
Tanto faz!
O importante é que
meu cobertor me conta as mentiras que preciso ouvir.