domingo, 3 de julho de 2022

dúvidas da madrugada

Às vezes eu me pergunto 
Se em algum momento sou eu 
Ao abrir a geladeira
O motivo de perder o rumo

Se esse título é meu
E visito as penumbras e sonhos 
Ou se são só meus pesadelos incertos

Se são cantos ou bocejos 
Aves ou morcegos 
Acenos ou abraços na multidão 

Será que o calendário tem medo ou desejo 
Será que meu anseio é verdadeiro
ou só distorção?

Eu tenho e teio entre os cantos das paredes
Carrego mas costas e nos dentes as cordas grossas
E as vocais empobrecem, as vogais entorpecem

...

O futuro se presta como uma roupa remendada
E meus dedos sangram pelas agulhas.
Minhas fagulhas consentem e tentam consertar, de longe
Tentando avistar, de fora
Tento acabar, demora

Temo apanhar - agora
das linhas acumuladas e dos termos perdidos sem marcador 
Dos traços bonitos
Dos abraços tremidos.

...

Às vezes me pergunto, dividida
Eu, em dúvida
e dívida
com todo o meu amor