Se em algum momento sou eu
Ao abrir a geladeira
O motivo de perder o rumo
Se esse título é meu
E visito as penumbras e sonhos
Ou se são só meus pesadelos incertos
Se são cantos ou bocejos
Aves ou morcegos
Acenos ou abraços na multidão
Será que o calendário tem medo ou desejo
Será que meu anseio é verdadeiro
ou só distorção?
Eu tenho e teio entre os cantos das paredes
Carrego mas costas e nos dentes as cordas grossas
E as vocais empobrecem, as vogais entorpecem
...
O futuro se presta como uma roupa remendada
E meus dedos sangram pelas agulhas.
Minhas fagulhas consentem e tentam consertar, de longe
Tentando avistar, de fora
Tento acabar, demora
Temo apanhar - agora
das linhas acumuladas e dos termos perdidos sem marcador
Dos traços bonitos
Dos abraços tremidos.
...
Às vezes me pergunto, dividida
Eu, em dúvida
e dívida
com todo o meu amor
B²