quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Quando o pescoço estala as estrelas

Minhas mãos e manhas azuis
Coladas ao peito
Em que cresce uma Lua redonda,
Frágeis vítimas de segundos
Terceiros
Em quartas
Intenções.

São devaneios intensos
Desses que despertam suor no meio da noite
E no inteiro do dia.
Uns tanto quanto nós
Difusos
E trêmulos
- os gemidos acusam o calor
Já que o inverno acabou.

Esse silêncio sufoca
E as mãos sobem
Sem saber como degraus funcionam.
O alívio espera na ponta da língua
estrangeira
...
Sendo o convite um chamado
O telefone vibra
ante a madrugada:
Acorda de um sonho
E não se atende -
Assim continua a tocar.


segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

A Fênix que amava o fogo

Sempre que o fim se aproxima
de cortinas fechadas e música final
uma parte de mim morre.

O bom de morrer é renascer.
Não importa quantas lagrimas e abraços cortem
as margens do meu límpido rio
a chuva volta
e o fogo se atem.

O amargo que o remédio deixa na boca
é aquela dose única de veneno
que não é suficiente para matar, apenas levar ao mundo dos mortos
tal como ele disse.

E o meu coração volta para seu berço branco
Branco como o ano que vem começar
e opaco
como uma metáfora futura
pelos olhos de um cão.

...

Que as noites descansem
nos meus olhos escuros
enquanto fechados
Na claridade de um dia que nasce
Raios de Sol e riscos de mar.

Ele disse que tudo acabaria bem
E eu bem sabia que era mais uma despedida
Sórdida
Do amor que fez-me vida.
Agora tinha de ser morte
A frieza necessária
Para que o calor tenha sentido.

Guardou-me na cartola e riu.
Riu das pérolas manchadas
E de meus dentes trêmulos,
De cada memoria boa compartilhada
E não soube chorar.

...

Vidas e mortes em Preto e Branco
Como filmes antigos
Listram-me
Torno-me piano
Em dedos dourados
Que açoitam as dores.

Muitos versos
E verões repentinos
Sem pretensão.

Todo final de estória é meio de história
E início
De poema.