terça-feira, 18 de outubro de 2016

Ouro roubado

Hoje juntei as peças dadas
Sonhos retorcidos em noites quentes.
A etimologia
Que tranforma um homem em cavalo
E eu em carruagem
Dourada.

Mudei os canais
E não sabia aonde parar.
O que os riscos dizem
Sobre o que é escrito
O assunto
O remetente
É uma carta que se perdeu no correio,
Entre tantos selos
E correspondências
Correspondidos.

Talvez eu fosse uma carruagem que entrega uma carta
E não uma princesa ao baile.
Talvez o Dourado do meu ferro combine
Com o cobreado alado.
Ou quem sabe o reflexo da Lua no vidro seja real
E minha transformação nas noites seja a fuga
A dor no peito como metal que se alastra
E corre
Percorendo o que bem sabe querer.

Eu sonhei que me tranformava em uma carruagem.
E era capaz de sentir o corpo mudando
Crescendo
Como talvez seja.
Eu sonhei com um homem que se tranformava em cavalo.

Quando os olhos repousam fechados
No ombro ou sono,
O lençol venta meus pés.
A ferradura pesa o piso
E tudo que já foi feroz
Finge-se de manso
Em tom de morno
Nas noites mais quentes
Até então.

A greve
Tal como o correio
Espera mudanças.
E as mudanças
Ah, esperam a noite
Para tornarem-se mais uma vez
Vítimas de Cinderela.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Avidez

Leio essas mãos nas minhas,
Linhas tortas
Tortas doces.
Calos que não se calam
E cicatrizes atrizes,
Mentiras tomadas pelo corte
Sem sorte -
De trabalhos manuais
Em que o manual
Não é aberto,
Mas a boca sim
E diz 
"Sim"