sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Gosto de gotas

Não lhe quero ver nu de provérbios.
Vista suas mentiras
E dê meu dinheiro.

Essa chuva torce meu cabelo descolorido
E borra minha maquiagem.
Não estou chorando
O céu é quem chora.

Desdobrei as notas que me deu
São todas cortadas e cheias de remendo
Como se a sua alma quisesse
Por meio do chão seco agora alagado
Dizer-me algo.
O que seria?

Vamos criar uma fábula
Uma estória
Faz-de-conta em que
Por algum motivo
Não usamos mesóclises,
Apenas olhos incapazes de compor chuviscos
Em noites de sol
idão.

As canções mínimas que apenas ecoam nos meus ouvidos
Gritam por expansão.
As memórias que insisto em recortar humilham o
Presente
Dado em caixa com cadeado
E sem chave
Só chuva.

A estrada fica escorregadia
Mas não é de se temer quando o líquido a toma,
O perigo são as chuvas coloridas
E saborosas
Que queimam minha garganta
E permitem minhas mãos falar
A outras
O que nem entendem.

O contraste de luz laranja fraca com as gotas no vidro do veículo é terno
Preto e engravatado.

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