domingo, 26 de junho de 2016

Até onde meu italiano permite

O vermelho que escorre deste sangue
em magia, promessa
é destilado
e posto à boca
com todos os dedos segurando a taça.

Escorre os lábios antes de descer o corpo
queimando como fogo de mesma cor.
Escuridão em recente madrugada
noite póstuma das qualidades de um guerreiro,
a coragem que não necessita de espada para rasgar-se
e debruçar-se em infinito contentamento.

Todos os contos de fadas harmoniosos
vigentes e fiéis a um final
de acolhimento terno, assim antes
dos anos contarem
e permitirem-se.

Quando as palavras não bastam
em surpresa
como as festas de rei,
o sangue já dito torna-se tinta
dos ossos escritos de dentro para fora,
das exclamações
e linhas que
vão
se
acabando
e
descosturando
o que uma vez foi tido:
vestido.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Noite adentro

Um corpo que dança não pode explicar seus movimentos.
Um corpo que grita
e chove
não consegue deixar de ensurdecer
e molhar-se.

Toda gota vem do mesmo céu
em cima de um único corpo,
o mesmo que treme
todas as vezes que ameaçado
sem ataque.

Essa matéria
de estudo,
corpo humano,
venera um futuro.
Todo futuro há de se tornar presente
E o aniversário está próximo.
O que melhor presentear um corpo com
outro
?

domingo, 12 de junho de 2016

O dia mais longo de minha existência

Antecipação
Dúzias de rosas fictícias espalhadas pelo chão de madeira do quarto
Todas azuis.
A cortina amarela ilumina a meio fio
Do que pode ser a luz da lua ou da rua.
Faz frio
Um frio que faz parecer que jamais vivi o inverno
E talvez não tenha mesmo.
As datas somente se repetem
E o verão some aos poucos
Das marcas das costas
E do olhar.
Foi um dia lindo
Desses que o Sol não esquenta,
Mas é suficiente.
Foi uma tarde estranha:
Sonolenta e enjoativa de amores alheios. É noite...
E tudo que a escuridão não mostra,  desmorona rasgando os pulmões.
A respiração falhou.
De que adianta gritar?
As flores ouvem os sussurros
E é isto que importa.
Como pode um mês antecedendo-me dilacerar assim? 
...
Depois de um súbito fechar de olhos
Afoguei-me na chuva que não caiu
Ainda.

terça-feira, 7 de junho de 2016

O inverno nem começou ainda

Meu corpo ainda é primavera
Adornado com flores
embebedadas de mel.

Mas
O vento já bate
e eu apanho.

...

Revido
pois o inverno combina bem com minhas pétalas azuis.

(e as abelhas também, se não ficarem a zanzar )