sábado, 6 de junho de 2020

tempo de se expor

É quase engraçado
que durante o êxtase eu sinta um perfume 
E veja com clareza os dedos virando as páginas 
E sinta o gosto 
E veja o espaço 
E chore 
tudo junto nos poucos segundos que quebro o silencio da madrugada 
quando o gemido foge da minha boca.

Sinto um calor queimar-me de dentro pra fora 
O suor riscar minhas pernas 
E o cabelo grudar no rosto.
Sinto por não ter aqui onde apoiar 
Pra não cair 
de volta pra realidade.
Ou da cama.

A fraqueza dos meus braços retorna 
Como as pontadas no meu peito 
Ora doloridas, ora não.
Ora dor requerida.

E o sono me toma nos braços 
Pra quem sabe um outro desfecho 
Quando os olhos estão fechados 
e não se revirando ou chovendo.