segunda-feira, 30 de março de 2015

Nuances iluminados

Chove
chove delírios nos olhos.
Abra-os e veja
como jamais foi capaz...
Premonição: as rodas escorregam
o veículo gira três vezes,
como em câmera lenta as gotas
desvendam o desespero de cada passageiro.
E se já soubesse? Se o futuro visse?
No duelo com os deuses
nenhum mortal morre vivo.
O vidro embasa e nele pode agora ser escrito
nome de casais nunca existentes
nunca duradouros...
O calor do escalpo quase alcançava o da cama
só e derretida em dois travesseiros:
mas uma só pessoa deitada.
Podia assim imaginar :
um corpo dilatado e enrolado em lençóis brancos
quarto escuro,
o corpo incapaz de ser visto
- mesmo ele sendo capaz de tudo ver -
e outro corpo
em pé
sem coragem de tocar o colchão.
Observador de estrelas
fotógrafo de canções
e escrita de viajantes.
Entre o desmaiado pueril
e o silencioso de olhos abertos
qual é que
desdenha com as unhas
o pesadelo dos anjos ?
De vidente e vítima todo poeta tem um poço.Pouco.

Gangue de metonímias

Com o início da semana,  nada mais se dissipava.
Era tempo de mudanças,
desafios e inconstâncias para todos, juntos.

E o sentimento de multidão preenchia
pouco mais do que a solidão iludiu ser...
mesmo disperso, o nome tinha outro teor
gosto de infância realizada
de velhice precoce
e, ao fim,
de sociedade propriamente dita.

As rimas nem mais ousavam invadir,
estavam proibidas a voltar.
Musicas antigas e olhos fechados, devaneios.

Estava
está
exatamente onde deveria estar.
Só sobrava, então
agredir verbalmente e nominalmente todo aquele que descordasse
que o destino é misericordioso
e absolutamente
eterno.

terça-feira, 24 de março de 2015

O homem ou a palavra

Um buraco no peito
vocabulário perdido e letra gasta.
A nostalgia tomava seus olhos e ouvidos
mas não era o mesmo.
As suposições eram incertas.
Eram gêmeos:
O homem e a palavra.
Andavam juntos até que
em meia noite de Lua velha
o homem dormia e a palavra morria.
A questão era sobre lógica...
Dois infinitos não somam uma humanidade.
Quando deveras eram juntos,
não
não tinha como saber!
O homem era tão belo quanto suas palavras
assim como as palavras eram tão provocativas quanto o homem.
Responda, responda rápido
Afinal,
o homem é amado por suas palavras
ou as palavras são amadas devido ao homem ?
É ao ouvir as palavras que se toma amor ao homem
ou ao ver o homem que tomava-se amor as palavras ?
Em busca.
Em busca de uma palavra-homem
ou
de um homem de palavra.


quarta-feira, 18 de março de 2015

O menino que brincava de ser deus

Texto corrido
olhos atentos nas palavras.
Quando pensou serem verdes, amarelos,
Soube da realidade:
dois sóis em um céu azul.

Livre arbítrio.
Quando pensamos que o destino nos levou a um lugar
com intenção
de grandiosidade,
fugimos do controle das ações
para aceitar que muito maior do que somos é
o que já foi escrito e transformado em carne,
olhos
e homem.

Introdução

Novo blog, espelho do antigo, diferente, inconclusivo. Simplesmente novo.
Aqui poesias soltas, verdades desamarradas e gritos no escuro.