quarta-feira, 6 de maio de 2015

As luzes que ofegam as sombras

Havia uma vez um par de pernas
que andavam tortos em linhas retas.
Um pé na frente do outro.

Citações de morte
em verdades de medo.
A vida parecia completa em um campo vazio
cheio de nada.
Temor pelo passo seguinte
descrito nos olhos que viam
cada vez mais perto
o local de despedida.

Não tinha tempo para pensar
se a oração começava com pronome pessoal obliquo:
" Me ajuda, destino ! "
Fitava os pés virados um para o outro,
colocava o próprio cabelo atrás da orelha
e tirava a mesma mecha antes que visse-a assim.
Atormentada pelas vozes de sonhos
...

Desejara tanto ser guiada pelo inconsciente
e finalmente era.
Um sonho mandando que fizesse,
acelerando o coração,
escrevendo poemas diários
e.

As horas das madrugadas em claro eram frias
e majestosas.
As mãos e pés aos poucos encolhiam-se
para que o resto do corpo, que hesitava dormir
concordasse
e fosse de encontro à novas possibilidades.
Quando acordada, sonhava com palavras dadas
Quando dormia...
estava de mãos dadas às palavras.

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