segunda-feira, 19 de outubro de 2020

outra madrugada desatando nós

Eu sempre rabisco essas linhas vermelhas 
Entre dedos, mãos e caminhos 
Sem mesmo saber ao fundo como funciona, mas crendo.
Eis que então, depois de outro risco cheio de nós 
Eu lembrei de um momento.
Que, entre tantos outros que me vêem à memoria hora ou outra, passou despercebido por muito tempo 
Ate porque já faz tempo 
Até porque eu nem sei mais 
Mas lembrei de quando tomei o ultimo gole de coragem da noite, como naqueles copos rasos de whiskey 
Ou pote de doce que precisa ser rapado com dedo
Misturei a ultima gota de coragem com a única dose de falta de noção 
E aquela fala foi o gatilho necessário 
Na época como agora 
Mas hoje não tomarei ação, nem coragem ou sequer tristeza 
Nem esperarei o terceiro dia pra ressuscitar 
Mesmo que as minhas noites sejam em claro: a Lua nao está aqui 
Muito nao está aqui, porem eu há de ser 
Aquela que continua comigo 
Nos rascunhos e linhas tortas 
Como os dentes tortos 
Ou os passos, as linhas dessa historia 
Que virou estória 
Ou sempre foi 

Fôlego 

Mas nao pro choro, nao hoje
Não porque seja um dia especial: porque não é.
Mas porque o tempo só segue o caminho à morte 
E ela já veio arrebentar a linha vermelha 
Se é que ela existe 
A morte ou a linha 
O amor ou a minha - morte