domingo, 19 de março de 2017

Metalinguagem metida na língua

Tem coisa na vida que só tem sabor se souber distanciar,
como fígado
que é gostoso sim, mas uma vez a cada dois meses.
Foi assim que por um acaso
de devolução em prateleira
peguei os dois livros na mão.
Um terminado, outro não;
ambos empoeirados e já na hora de voltarem aos olhos.

Abri-o. Marcadas como gado, as favoritas continuavam as mesmas
Sinceras até demais
riscadas à lápis a dor que eu pensei em apagar
mas ainda não.

Ousei continuar o segundo livro
E as poesias dela não hesitaram em
acabar não metaforicamente com minha cabeça
embora também tenham,
mas em embaralhar fisicamente.
Estas aqui são palavras doídas digitadas vomitadas no fim da noite
e talvez também o meu fim
porque sou exagerada
e talvez os remédios que ainda tenho pra tomar sejam o meu fim.
O meu fim
Como se fosse um filme essa confusão toda vestida de gente.

EnFim
Fui relever o começo deste escrito,
sim, este mesmo que está lendo.
E ri
Ri da desgraça que é a ironia da minha vida.
...
Minha cabeça ainda dói
dói da verdade que as palavras estão a falar
aliviadas
no vento que essa janela de carro traz.
Janela fechada, está frio e eu sei que ela não iria gostar
mas já apanhei também de janelas fechadas,
talvez seja a intenção
machucar-me
até que no final
sim, o meu fim
transforme-se de papel em imagem corrida.



Nenhum comentário:

Postar um comentário