segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

A Fênix que amava o fogo

Sempre que o fim se aproxima
de cortinas fechadas e música final
uma parte de mim morre.

O bom de morrer é renascer.
Não importa quantas lagrimas e abraços cortem
as margens do meu límpido rio
a chuva volta
e o fogo se atem.

O amargo que o remédio deixa na boca
é aquela dose única de veneno
que não é suficiente para matar, apenas levar ao mundo dos mortos
tal como ele disse.

E o meu coração volta para seu berço branco
Branco como o ano que vem começar
e opaco
como uma metáfora futura
pelos olhos de um cão.

...

Que as noites descansem
nos meus olhos escuros
enquanto fechados
Na claridade de um dia que nasce
Raios de Sol e riscos de mar.

Ele disse que tudo acabaria bem
E eu bem sabia que era mais uma despedida
Sórdida
Do amor que fez-me vida.
Agora tinha de ser morte
A frieza necessária
Para que o calor tenha sentido.

Guardou-me na cartola e riu.
Riu das pérolas manchadas
E de meus dentes trêmulos,
De cada memoria boa compartilhada
E não soube chorar.

...

Vidas e mortes em Preto e Branco
Como filmes antigos
Listram-me
Torno-me piano
Em dedos dourados
Que açoitam as dores.

Muitos versos
E verões repentinos
Sem pretensão.

Todo final de estória é meio de história
E início
De poema.

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