sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Fadas mortas

Asas ao chão de um canto cinza, mudado.

Cinza? Verde musgo? Não sei ao certo, não lembro, não enxergo

Complexos escritos em caligrafia feia, fincada no lado do corpo.

Um, dois, três

Memória específica de um traço em que não me encaixo jamais:

Da ponta dos pés ao pulso não chegam ao início da serra.


Minha bacia segura as roupas molhadas

o canto das águas, o molde antigo vindo do barranco

em espiral eu caio ao chão.


Em algum futuro acho (acha?) uma carta esquecida, apagada

sem nunca lembrar o que foi escrito -

mas meu corpo permanece imóvel.

O que será do tempo? Vai apagar mais nomes, queimar rosas e rasgar os papéis?

O que há de ser? Dos corredores dos supermercados, dos segredos e das mentiras? 

Tudo há de no fim virar poesia? 


Ou a gente nunca teve chance de fugir dessa torre? 

Uma carta virada e teimosa em retornar 

Adiante, sozinha, não adianta.

[

Nojo de todos os transtornos que esse predador finca na mordida.

]

Uns trocados no fundo do bolso da calça jeans, fiapos e fios de cabelo perdidos.

Despedidas de um tempo que, ainda hoje, é retorno freado

é fuga, hipotenusa

é um ser preterido 


[

é tudo

do que a mim

]










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