terça-feira, 17 de março de 2020

Minhas fronteiras e vulcões e terremotos

Visto minhas luvas, não mais toco em ti
Teu corpo tão longe do meu, independente das crises
no mundo ou no teu quarto
nos teus olhos ou nos meus.

Toda a cor que me falta, mas mãos, na pele que corre em meu corpo
me despe ingrata, indigna de reflexo
em qualquer espelho quebrado nesse caminho
até teus pés, até o cerne dessa história
que insiste em não me deixar dormir
e invade meus sonhos, quando consigo.

O preto e o branco na minha superfície batalham pelo espaço
entre os traços de um passado conturbado e as manchas que ele trouxe.
Sou roupa desbotada no fundo da máquina
e pingo no varal todas as lágrimas e drinks e dores.

O que resta de cor tende a escorrer, mas às vezes
tal como tudo há de ser, forma mares e ondas bonitas no chão do banheiro antes de ir embora
-como ti.



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