domingo, 14 de fevereiro de 2016

Colheita

Não querer perder o que não se tem
ou não ser perdida
quando nunca foi achada.

O fim torna a parecer receio
porque, os novos temores deixaram de ser futuro
agora apenas são aguardo.

Sempre disse que saberia quando encontrasse o que procurava
/preocupava.
O tempo é uma questão
que todos queremos responder
e perdemo-nos nele
em caracóis
mas não amigos.

São tantas linhas sobre achar e perder
tantas palavras vítimas que não conseguem depor,
filtram-se em si mesmas.
Sem hierarquia
o que se herda, de vidas passadas
é o consentimento
próprio.

Os rifs coordenam o corpo
invadindo-o
como onda de areia em tempestade noturna.

Gostava das palavras sóbrias
alinhadas e pensadas.
Não as tinha mais e, talvez,
nem mais o controle.
A fuga é a busca de toda uma vida
o esquecimento da sombra
na cegueira da lua
- porque, afinal
a luz do dia não engrandece as madrugadas.

Vinde,
em tempo certo e inocente.
As asas estão prontas:
cera e penas, como as de Ícaro,
Extremas ao chão
como ao céu
da boca.

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